Unimed projeta Juiz de Fora no cenário mundial com opção pela medicina hospitalar
PUBLIEDITORIAL

Eles inovaram o sistema de saúde norte-americano, solucionando, na prática, uma equação que parecia difícil de ser respondida mundialmente: como garantir mais qualidade na assistência ao paciente hospitalizado, prezando pela sua segurança, sem sobrecarregar os custos? Elo importante para a consolidação de um modelo de medicina moderna, humanizada, com foco no paciente, os médicos hospitalistas, a exemplo do que ocorre em vários outros países, estão ganhando projeção no Brasil e, pela iniciativa da Unimed Juiz de Fora, a cidade entra em um círculo virtuoso na atenção hospitalar, que coloca o município em sintonia com as mais eficientes e eficazes práticas internacionais.
“Depois de inovar no processo de construção do hospital com equilíbrio entre rapidez, qualidade e preço, pois, diferente das obras convencionais, a maior parte da edificação foi pré-fabricada, com o mínimo de impacto ao meio ambiente pela utilização de novas técnicas e materiais, estamos agora inovando também no modelo de atenção hospitalar”, observa o presidente da Unimed Juiz de Fora, Hugo Borges, convicto de ter encontrado a estratégia gerencial que consolida a humanização do atendimento, ao fortalecer o grande propósito da prática médica: a melhor assistência possível.
“A medicina hospitalar traz a essência do total acolhimento e da segurança clínica para o paciente com conforto e satisfação, assim como tranquilidade para o médico assistente por saber que seu assistido conta com a oferta de um serviço especializado, com médicos treinados e equipes multidisciplinares exclusivamente voltados para a gestão do cuidado em todo o processo de internação”, acrescenta Hugo Borges. Na prática, o médico hospitalista concilia as atividades de um líder na beira do leito, sendo referência para a equipe multiprofissional, o paciente e sua família, com as atividades de um gestor, ao participar das decisões estratégicas relacionadas ao gerenciamento do hospital e que interferem diretamente na assistência ao paciente, acrescenta a diretora de Provimento de Saúde, Nathércia Abrão.

“É um profissional com uma ótica muito privilegiada, porque ele está na ponta do atendimento, mas também em atividades de gestão. Condição que agrega muito valor ao exercício da medicina”, completa o diretor Administrativo Financeiro, Darlam Kneipp. Para o diretor de Relacionamento e Mercado, Glauco Corrêa de Araújo, a missão do médico hospitalista possui ainda um outro aspecto bastante relevante. “Também é de sua responsabilidade fazer a transição da alta hospitalar para a rede de atendimento ao paciente após a saída do hospital, a fim de que o tratamento tenha continuidade e efetividade garantida, evitando novas internações”.
Neste contexto, fica fácil compreender o papel que o hospital da Unimed, com início de operação previsto para o próximo mês, representa como parte integrante de um Ecossistema de Cuidados em Saúde. “O cliente da Unimed conta com diversificados dispositivos assistenciais, coordenados e integrados, com o intuito de manter a saúde das pessoas e não apenas tratar suas doenças. O Espaço Viver Bem é um deles, fortalecendo a medicina preventiva e a promoção da saúde. A ele se somam o monitoramento e a atenção domiciliar, os serviços de transporte e os núcleos próprios de atendimento, além de uma grande e eficiente rede prestadora de serviços complementares”, completa o presidente Hugo Borges. “É assim que se cuida da saúde com arte”.
Cooperativa investe na formação do profissional ainda raro no mercado
Mais que optar pela adoção do modelo de medicina hospitalar em sua unidade no Salvaterra, a Unimed Juiz de Fora chamou para si a responsabilidade de formar mão de obra. Na última sexta-feira, a cooperativa deu início ao processo de capacitação de médicos cooperados. Como se trata de uma especialização muito recente, ainda não há no mercado de trabalho profissionais em número suficiente para preencher as vagas que começam a ser demandadas pela rede hospitalar. A alternativa é promover e estimular a formação do próprio quadro. Médicos de diferentes especialidades não pediátricas estão inscritos na capacitação oferecida em parceria com a Eficiência Hospitalista – Soluções em Saúde, responsável pelo desenvolvimento e apresentação do conteúdo.
CEO da empresa sediada na região Sul, onde este modelo de atenção começou no Brasil, e coordenador da capacitação que será feita em módulos, o médico André Wajner observa que o curso aborda temas introdutórios de qualidade e segurança assistencial, de indicadores de gestão e assistenciais, além de estratégias de desospitalização de pacientes, dentre outros. “Algumas Unimeds estão se destacando no mercado pela sua forma de gerir, por um planejamento estratégico mais arrojado, mais avançado e a cooperativa de Juiz de Fora é uma delas. Com certeza, a diretoria da Unimed Juiz de Fora está com uma visão futura de negócio para um cenário de cinco a dez anos, o que é um grande diferencial competitivo sintonizado com os conceitos da medicina moderna”.

ENTREVISTA ANDRÉ WAJNER
MÉDICO, PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA HOSPITALAR
“O modelo de medicina hospitalar é o que mais agrega valor para o paciente”
Seu nome está diretamente ligado à chegada da medicina hospitalar no Brasil, depois de a prática ter provocado uma verdadeira inovação no modelo assistencial de saúde nos Estados Unidos, onde surgiu na década de 1990. Radicado em Porto Alegre (RS), o médico André Wajner é o CEO da Eficiência Hospitalista – Soluções em Saúde. Nesta entrevista, ele, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar, conta como a novidade agrega valor à experiência do paciente na mesma proporção em que influencia o custo assistencial e, efetiva, na prática, a tão desejada humanização na saúde.
O que motivou o surgimento do médico hospitalista? Que tipo de necessidade do paciente ele chega para suprir?
André Wajner – O modelo de medicina hospitalar surge nos Estados Unidos na década de 1990. O primeiro artigo publicado foi em 1996. Com o tempo prolongado de internação, há uma satisfação do paciente menor do que o ideal, além de custos assistenciais muito elevados relacionados a exames desnecessários e uma falha na transição do cuidado do paciente para o domicílio, para o consultório do médico assistente, para um hospital secundário. Este cenário provoca um incremento progressivo de custos sem o incremento na qualidade de assistência e da consequente satisfação do usuário. O modelo de medicina hospitalar é o que mais agrega valor para o paciente. Com ele, é possível aumentar a qualidade da assistência, impactando os custos positivamente. Esta prática que está se expandindo no mundo veio para a América Latina trazida pelo Brasil na parte teórica, em 2005, quando se forma a primeira associação de estudo e, em 2007, com a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina Hospitalar, da qual eu estou presidente. Também já chegou ao Chile e à Argentina.
Quais são os resultados já obtidos com a adoção deste modelo de medicina?
– Nos Estados Unidos já são mais de uma centena de artigos, todos reproduzindo a mesma coisa. Uma diminuição do tempo de internação que varia de 15% a 20%. Um paciente que ficava, vamos supor, dez dias internado, está ficando oito. Outro que ficava sete, está ficando cinco, e com um impacto proporcional no custo que gira entre 13% e 20%. Com menos tempo de hospitalização é possível atender um número maior de pacientes em um único leito. Hoje, nos Estados Unidos a medicina hospitalar está consolidada, porque além de influenciar no custo e no tempo de internação, ela agrega muito ao que chamam de experiência do paciente. Ou seja, na adoção de estratégias que fazem o paciente ser cada vez mais ouvido e atendido, e para que haja qualidade do cuidado com a prescrição necessária de medicamentos e realização ou não de exames da forma mais adequada possível no ambiente hospitalar.
Isso significa que a medicina hospitalar tem relação direta com o conceito de segurança do paciente.
– É isso aí. Ela é o grande vetor nos Estados Unidos de qualidade e segurança do paciente. O médico hospitalista é quem, efetivamente, coloca em prática instrumentos de qualidade e segurança. Ele não faz apenas assistência direta ao paciente. Ele tem um tempo protegido na agenda para se dedicar às atividades não assistenciais, como por exemplo, atuar como membro das comissões de infecção hospitalar, de segurança, da qualidade, fazer auditoria de prontuário… Enfim, são as mais variadas tarefas que para o médico agrega muito, principalmente para aquele que também está na beira do leito. Normalmente, não se tem médicos em atividades não assistenciais em um hospital. Isto é feito por administradores e enfermeiros em sua maioria. Alguns hospitais têm o médico no escritório de qualidade, mas ele não faz assistência ao paciente, não conhece o que ocorre na beira do leito. Agora, quando o médico experimenta fazer essas duas coisas conjuntamente, ele contribui muito para a melhora do hospital. Este é o grande legado da medicina hospitalar. Sua prática interfere positivamente também na judicialização da saúde. Com uma medicina hospitalar mais consolidada, uma melhor documentação do prontuário e uma relação médico-paciente mais presente, os riscos de processos judiciais diminuem. Normalmente, os hospitais não contabilizam isso, mas deveriam fazê-lo.
A fonte de satisfação profissional aumenta com a medicina hospitalar?
– Ah, isso é uma coisa bem presente e consistente. Tem vários estudos americanos e canadenses que mostram a melhora da satisfação da equipe e do paciente. Sem dúvida o médico se beneficia, mas para a equipe multiprofissional realmente melhora muito. No modelo tradicional, quem fica a maior parte do tempo próximo ao paciente é a enfermeira. Assim, ela acaba tendo que resolver, além de suas funções propriamente ditas, questões médicas também. Com a medicina hospitalar, há uma quebra neste modelo, porque o médico hospitalista fica o dia inteiro no hospital. A equipe sabe quem é ele, qual seu horário, quais são suas tarefas. Isso melhora muito a satisfação de todos com o trabalho.
A atuação do médico hospitalista é muito colaborativa com a equipe multiprofissional, com o médico de confiança do paciente, mas ele também precisa ter autonomia dentro do escopo de sua atuação, não é?
– Ele é muito multidisciplinar. Na verdade, na faculdade de medicina a gente acaba não tendo treinamento de liderança, de comunicação efetiva, de gestão de pessoas. A medicina hospitalar vem suprir um pouco essa deficiência na formação. O médico continua sendo o líder da assistência, mas ele tem que ser instrumentalizado. A medicina hospitalar proporciona isso. Ela consegue alcançar este objetivo, fazendo gestão à beira do leito, trabalhando comunicação efetiva e estratégias de desospitalização com a equipe multidisciplinar.
Nos casos de internação, nem sempre a família do paciente se sente segura, muitas vezes até pela multiplicidade de profissionais com os quais se relaciona no ambiente hospitalar. A presença do hospitalista também é um porto seguro para os familiares?
– Essa é uma outra questão bem interessante. Quando a gente pergunta para o paciente: ‘quem é seu médico?’ E o paciente responde que depende de que órgão ele se refere, entendemos o impacto da fragmentação da medicina atual e a dificuldade de o paciente ter, como no passado, a referência de apenas um médico que centraliza o seu cuidado. Por estar no dia a dia, o hospitalista passa a ser a referência para o hospitalizado. É ele quem centraliza o cuidado. Se o paciente tem uma arritmia grave, ele vai pedir uma avaliação ao cardiologista, se tem uma infecção que não melhora, fará o mesmo com o infectologista, mas a referência é sempre uma, não pode ser mais de uma. Esse é um dos fatores de aumento da satisfação do paciente e da família. Como eles ficam mais tranquilos quando há um médico disponível a beira do leito que tem a gestão do cuidado.
A expansão desta especialidade nos EUA, com o crescimento exponencial no número de hospitalistas em um curto intervalo de tempo, comprova que a medicina hospitalar é uma tendência e não um modismo?
– Quando a gente avalia o modelo americano, percebe uma curva de crescimento no número de especialistas que, de 1996 até 2003, acontece de forma lenta. Mas a partir daí, aumenta de forma exponencial e continua assim. Com mais de 63 mil hospitalistas, já é a especialidade de mais rápida expansão na medicina moderna dos Estados Unidos. Minha impressão é que começamos a entrar nesta curva exponencial no Brasil. Ainda não sabemos quantos são, porém, a expansão tem sido enorme. Isto é um fato. O outro é o interesse dos hospitais que já estão pensando mais à frente, como a Unimed Juiz de Fora, que está, por sinal, bem à frente, treinando profissionais para um modelo assistencial mais maduro que o tradicional, com o hospital ainda em fase de ativação. Isso também ocorreu com a Unimed Campinas e a Unimed João Pessoa e está ocorrendo com a Unimed Caruaru. Ou seja, várias cooperativas do sistema estão preocupadas em preparar seus profissionais para a demanda do mercado. Enfrentaremos um gap de cerca de dez anos, para termos hospitalistas suficientes para atender toda a demanda. Enquanto isso, não tem alternativa. As operadoras e os hospitais terão que se incumbir desta formação. A Unimed Juiz de Fora está dando um salto importante que vai contribuir muito para o aumento de sua competitividade. Ou os hospitais tradicionais fazem o mesmo ou vão fechar.