Outubro rosa: pets também podem ter câncer de mama
Principal forma de prevenção à doença é a castração precoce da fêmea
O mês de outubro é marcado pela conscientização sobre o câncer de mama, porém, o que muitos não sabem, é que os animais de estimação também podem desenvolver a doença. No Brasil, mais de 70% da população possui algum pet, entre eles, destacam-se cachorros e gatos como maioria. Durante os anos, a relação entre os animais e seus tutores foi se adaptando de modo que, atualmente, eles são considerados membros da família. Diante disso, a preocupação com a saúde dos animais de estimação tem sido crescente.
Segundo dados do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), a incidência da neoplasia atinge cerca de 60% das cadelas e 30% das gatas. Entre as cadelas, 80% dos casos correspondem a tumores malignos, percentual que chega a 90% nas gatas.
Na falta de um exame capaz de identificar se o pet tem alguma predisposição ao câncer de mama, a recomendação dos veterinários oncologistas é a castração precoce, a fim de evitar a formação das neoplasias. A médica oncologista veterinária Cláudia Galvão ressalta a importância de castrar a fêmea, seja gata ou cadela, antes do primeiro cio. Segundo ela, com a precaução, pode-se diminuir as possibilidades de aparecimento do câncer em até 98,5%. Se a castração não for feita, ou realizada após dois cios, não é possível prevenir, por completo, o desenvolvimento do câncer. Isto porque o estímulo do estrogênio, hormônio produzido pelos ovários, pode ter iniciado mudanças no DNA da célula, podendo evoluir para uma neoplasia.
Tumor altera formato das mamas
A principal característica desses tumores nos pets é a mudança no aspecto fisiológico da mama, podendo haver aumento de volume, produção de secreção na glândula mamária e presença de nódulos, entre outros sintomas. Para os tutores, é importante prestar atenção a essas alterações, identificadas a partir de massagem nas mamas, que deve ser feita de forma delicada e em movimentos circulares. Caso haja algum caroço, a orientação é procurar um médico veterinário para obter o diagnóstico correto.
Foi a partir da percepção de nódulos na região da barriga de sua cachorrinha vira-lata, Lola, de 11 anos, que Mariana Matos teve a iniciativa de levá-la ao veterinário, que constatou, em setembro deste ano, a presença de tumores malignos. Para a tutora, o diagnóstico do câncer de mama não foi fácil, mas como Lola não apresentava mudanças de comportamento ou sinais de mal-estar, ela ficou mais tranquila para conduzir e acompanhar o tratamento da sua pet. Todas as decisões tomadas a partir da descoberta foram pensando na qualidade de vida de Lola, explica. “A gente proporcionou para ela, até hoje, tudo o que poderíamos. Qualidade de vida, muito amor e muito carinho.”
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Mastectomia é o tratamento indicado
Diante do câncer de mama, a principal recomendação para o tratamento é a mastectomia, que consiste na remoção das mamas acometidas pelo tumor, sendo sempre necessário o acompanhamento do veterinário para o melhor direcionamento, considerando as particularidades de cada caso. Lola realizou o procedimento, que foi bem-sucedido.
Além de Lola, Mariana também é tutora de Nalu, uma pitbull de 9 anos, que, apesar de mais nova, já apresentou três diferentes tipos de câncer, majoritariamente de pele. Seus diagnósticos vieram antes do de Lola, o que ajudou com as decisões tomadas em relação ao tratamento da vira-lata, que consistiu em cirurgias e exames regulares de seis em seis meses. “Depois do diagnóstico, aumentamos o cuidado, acompanhando, de perto, o surgimento de nódulos novos. Então, sempre que aparece um novo caroço, a gente já faz a retirada cirúrgica”, explica.
Check-up anual é recomendado
Nesse contexto, a oncologista Claudia reforça a importância da prevenção para que não haja uma evolução negativa da neoplasia. Ela acrescenta, ainda, que o ideal é sempre ir ao médico veterinário e fazer o check-up pelo menos uma vez ao ano, além da palpação constante em casa. “A prevenção é tudo. Toda a neoplasia, toda doença que nós conseguimos identificar de forma inicial, a resolução é sempre melhor atingida”, destaca.
A vereadora protetora Kátia Franco (Rede), presidente da Comissão de Defesa, Controle e Proteção aos Animais da Câmara Municipal de Juiz de Fora, afirma que a castração é um ato de amor. “A partir dela (castração), podemos controlar o número de animais abandonados e colocados diariamente nos canis das cidades, além de evitar doenças, que podem levar à morte”, afirmou.
O tutor que deseja castrar seu animal pode formalizar o interesse no site Prefeitura Ágil, mantido pelo Executivo em Juiz de Fora. De janeiro a setembro deste ano, mais de 1.100 animais foram castrados gratuitamente por meio do Castramóvel, mantido pelo Canil Municipal. A equipe do canil faz o agendamento com os tutores através do número indicado no formulário de cadastro. O procedimento é realizado de acordo com a região de atuação do Castramóvel e a localidade do tutor. Procurada, a Prefeitura não divulgou a demanda reprimida pelo procedimento na cidade.
*Andreza Araújo, estagiária sob supervisão da editora Fabíola Costa