Por que algumas pessoas são mais picadas que outras por insetos?
Existem inúmeros motivos que justificam a atração dos insetos, envolvendo fatores genéticos, químicos e comportamentais
Você já se perguntou por que algumas pessoas parecem ser alvos mais atrativos para os insetos, enquanto outras parecem passar despercebidas? Existem inúmeros motivos que justificam a atração desses insetos, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, químicos e, até mesmo, comportamentais.
Segundo o dermatologista Marcelo Teixeira, existem fatores físicos da pele que podem influenciar a atratividade das pessoas para os mosquitos. O médico destaca a relação entre o odor corporal e a atividade dos mosquitos, explicando que substâncias como o dióxido de carbono e o ácido láctico, produzidas em maior quantidade por pessoas após atividades físicas, grávidas ou com sobrepeso, tendem a atrair mais os insetos.
Segundo ele, até mesmo as roupas utilizadas podem influenciar na atividade desses insetos. “Algumas cores atraem mais os mosquitos, como o preto e o vermelho, enquanto outras afastam, como o branco, o verde. Então, muitas vezes a pessoa com as áreas expostas, utilizando essas cores, acabam tendo uma atratividade maior para o mosquito.”
Diferenças entre insetos
Embora muitas vezes parecidas, é importante reconhecer que diferentes espécies de mosquitos podem ter preferências distintas quando se trata de escolher suas presas. O mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, apresenta padrões de comportamento diferentes em comparação ao pernilongo comum, por exemplo.
Embora ambos sejam atraídos, principalmente, por compostos presentes na transpiração e odor corporal, o transmissor da dengue tem maior atividade durante o dia, especialmente no início da manhã e final da tarde, costuma voar mais baixo e tem uma picada indolor. O pernilongo, por outro lado, é mais ativo durante a noite, voa alto e faz um zunido.
Sangue ‘doce’ atrai?
Indo contra a crença popular de que “sangue doce atrai mosquito”, estudos mostram que o sabor do sangue não está relacionado à atração dos mosquitos, já que esta está ligada a substâncias exaladas pelo corpo humano.
Pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul indicaram, em um documento, nove mitos e verdades sobre a preferência do mosquito Aedes Aegypti. Entre os mitos apresentados, está o fato de o tipo sanguíneo “O” ser mais atraente. Segundo os pesquisadores, essa preferência existia, mas estava ligada à dominância desse tipo de sangue no Sul da Ásia, local de origem dos insetos. Com a propagação dos mosquitos pelo mundo, porém, essa inclinação não permaneceu.
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Ambiente influencia
A genética desempenha grande papel quando se trata da preferência dos mosquitos, no entanto, o ambiente também se torna um aspecto importante. O infectologista Marcos Moura afirma que a principal variável para a atração dos insetos é a disponibilidade das pessoas para os mosquitos. “O mosquito se aproveita da facilidade em fazer o repasse sanguíneo”, esclarece o especialista. “As pessoas mais picadas são aquelas que ficam em ambientes onde o mosquito pode se reproduzir e se alimentar com maior facilidade, como em casa ou em áreas de trabalho e lazer.”
Nesse contexto, em ambientes de trabalho, escolas e, sobretudo, em casa, onde ocorre a maior parte das atividades cotidianas, a precaução torna-se essencial. Com esse cuidado, pode-se evitar que mosquitos infectados transmitam doenças para aqueles que compartilham o mesmo ambiente, o que resultaria na disseminação da enfermidade.
Como se proteger dos insetos?
Sobre a prevenção de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue, o dermatologista Marcelo Teixeira recomenda uma série de medidas de proteção da pele, principalmente para aqueles que são mais atraentes para os mosquitos. Os cuidados incluem evitar locais a céu aberto após atividades físicas intensas, evitar os horários de maior atividade dos mosquitos, usar repelente regularmente e optar por roupas de cores menos atrativas para os insetos. Ele ressalta, também, a importância do uso de mosquiteiros, especialmente para crianças pequenas que não podem usar repelentes.
O infectologista Marcos Moura, por sua vez, reforça a necessidade de medidas coletivas e individuais na abordagem do controle de doenças transmitidas por mosquitos. Ações de saneamento básico, controle de lixo e eliminação de criadouros de mosquitos são essenciais para reduzir a incidência dessas enfermidades. Da mesma forma, Moura reitera, medidas preventivas pessoais, como o uso de repelentes, instalação de telas em janelas e dedetização domiciliar desempenham um papel crucial na proteção contra picadas de mosquitos e na interrupção da cadeia de transmissão dessas doenças.
Reações das picadas
Além das consequências imediatas das picadas de mosquitos, como coceira e ardor, é necessário estar alertar para o risco de infecções secundárias na pele. Segundo Teixeira, a quebra da barreira cutânea causada pela picada pode levar a infecções bacterianas, furúnculos ou, até mesmo, infestações por larvas de moscas.
*Estagiária sob supervisão do editor Wendell Guiducci