Land Rover volta a fazer o Evoque no paĆs este ano
Empresa jƔ ampliou quadro de funcionƔrios na fƔbrica, no Rio, de 250 para 450 pessoas
(AE) – Quem acredita que a Jaguar Land Rover pode ser a prĆ³xima montadora a deixar o Brasil, como ocorreu com Ford e Mercedes-Benz, “estĆ” fazendo a aposta errada”, diz o presidente da empresa na AmĆ©rica Latina e Caribe, FrĆ©dĆ©ric Drouin. Ao longo de sete anos – com exceĆ§Ć£o de 2018 -, a marca registrou seguidas quedas de vendas no PaĆs, mas espera voltar a crescer em 2021 com o retorno da produĆ§Ć£o local do Range Rover Evoque.
O utilitĆ”rio-esportivo (SUV) deixou de ser feito na fĆ”brica de Itatiaia (RJ) em 2019, quando a matriz britĆ¢nica atualizou a plataforma que Ć© dividida com o Discovery Sport, que passou a ser o Ćŗnico modelo de fabricaĆ§Ć£o nacional da marca. Segundo Drouin, a ideia era nacionalizar o Evoque em 2020 mas, com a pandemia, o projeto foi congelado. “Agora, temos a oportunidade de voltar a produzi-lo”, diz.
Sem revelar investimentos, o executivo afirma que o Evoque comeƧarĆ” a ser feito no Ćŗltimo trimestre e serĆ” vendido como linha 2022. Em janeiro, em encontro com o governo do Rio, a empresa disse que investiria R$ 19 milhƵes, mas nĆ£o detalhou em que seriam gastos.
A fĆ”brica serĆ” fechada em julho para adaptaƧƵes necessĆ”rias para a produĆ§Ć£o do Evoque. Nos Ćŗltimos meses, o quadro de funcionĆ”rios, que era de 250 pessoas antes da pandemia, foi ampliado para 450.
Com o SUV de luxo compacto, a Land Rover volta a produzir os dois veĆculos de quando inaugurou a fĆ”brica, em 2016, porĆ©m mais evoluĆdos. Entre as inovaƧƵes tecnolĆ³gicas, estĆ£o cĆ¢mera 360Ā° (que mostra todo o lado externo do veĆculo) e uma funĆ§Ć£o em que o motorista tem ampla visĆ£o do terreno Ć sua frente. TambĆ©m tem sensor que monitora a profundidade da Ć”gua no local em que o carro estĆ”.
O Evoque importado custa atualmente R$ 373 mil, mas a empresa nĆ£o informa se o preƧo serĆ” mantido para o nacional.
Em 2020, a Land Rover vendeu 4,6 mil unidades dos seus SUVs de luxo, incluindo versƵes importadas e o nacional Discovery. Foi o menor volume da marca em dez anos, inferior inclusive ao de perĆodos em que apenas importava.
A fĆ”brica tem capacidade instalada para 24 mil veĆculos ao ano, mas vem mantendo mĆ©dia de 2 mil a 3 mil unidades. Desde sua inauguraĆ§Ć£o, a maior venda foi registrada em 2018, com 6,75 mil unidades. A melhor marca, porĆ©m, Ć© de perĆodo anterior – em 2013, com 10,6 mil modelos.
Nos primeiros quatro meses deste ano, foram vendidos 1,88 mil carros da marca, 14,3% a mais que em igual perĆodo do ano passado. JĆ” os negĆ³cios com o esportivo Jaguar caĆram quase 80% porque fĆ”bricas do modelo tiveram problemas com a falta de semicondutores.
Mais ganhos
Drouin explica que o resultado do ano passado da Land Rover tambĆ©m foi afetado pela falta de chips. A pandemia tambĆ©m levou o grupo a suspender a produĆ§Ć£o por vĆ”rias semanas.
O executivo nĆ£o se abala com dados de comercializaĆ§Ć£o. “Nosso foco Ć© em uma operaĆ§Ć£o sustentĆ”vel, e nĆ£o em nĆŗmero de vendas”, diz. Ele ressalta que o tĆquete mĆ©dio dos modelos do grupo Ć© de R$ 330 mil a R$ 350 mil, o que garantiu Ć empresa equilĆbrio fiscal no ano passado, quando vĆ”rias montadoras de grande porte registraram prejuĆzos. A Land Rover disputa um nicho de mercado que consome cerca de 18 mil veĆculos por ano e detĆ©m perto de 30% desse volume.
AlĆ©m da volta do Evoque, a montadora buscou novos negĆ³cios durante a pandemia. Um deles Ć© um contrato de arrendamento (leasing) de seu laboratĆ³rio de emissƵes para a empresa Idiada, que presta serviƧos de testes para outras empresas do setor automobilĆstico.
TambĆ©m inaugurou, na semana passada, uma divisĆ£o exclusiva para restauraĆ§Ć£o de veĆculos clĆ”ssicos da marca. “JĆ” recebemos mais de 200 consultas de interessados”, diz Drouin.