Ar-condicionado é coisa séria
Conheça alguns mitos e verdades sobre um dos equipamentos mais exigidos nos automóveis durante o verão
Inspira, respira! Nada melhor que, em dias de calor, aproveitar a temperatura mais baixa que o ar-condicionado automotivo pode proporcionar. Aliás, esta é uma verdade que também vale para o inverno, afinal, nem todo mundo gosta de viajar com aquele barulhão de vento nos ouvidos, que irrita e nos impede de ouvir música e conversar sem gritar. Para resolver isso, basta fechar os vidros, apertar um botão e tudo estará resolvido. Será?
Não é bem assim. Ar-condicionado automotivo é um equipamento que requer manutenção, tanto quanto qualquer outra peça do veículo. Por esta razão, é importante que os proprietários de carros estejam atentos para que o eventual conforto não se transforme em danos à saúde e ao bolso.
Se o verão é a época do ano em que o ar-condicionado é mais exigido, o inverno é considerado o maior vilão de toda esta história. Isso porque, para se manter em bom estado, uma das exigências é que o ar-condicionado seja ligado com frequência, nem que seja por cinco minutos a cada semana. Isso é essencial para evitar o ressecamento dos tubos por onde o ar passa, podendo causar a corrosão de parafusos e anilhas, gerando vazamento.
Mas não é só por isso: o filtro do ar, conhecido também como filtro de cabine, precisa ser limpo e renovado constantemente para evitar a proliferação de ácaros, fungos e outros microorganismos que fazem mal ao trato respiratório. Quem explica é o mecânico Terense Costa, proprietário de uma oficina especializada na manutenção destes equipamentos, a autoelétrica Da Mata.
“Tem gente que deixa o ar desligado por muito tempo e, ao voltar a usar o equipamento, se queixa de estar entrando água na cabine. Isso é sinal de lodo, consequência da não substituição deste filtro de cabine. Aliás, tem proprietário de carro que nem sabe que existe este filtro, que custa uma mixaria”, diz, acrescentando que, no caso de carros populares, o preço médio é de R$ 40, com troca aconselhada a cada dez mil quilômetros ou uma vez por ano.
O gás
Popularmente, muitos chamam o fluído responsável por esfriar o ar de gás, embora seja um composto refrigerante, pois o estado muda conforme a etapa de funcionamento do aparelho, indo do líquido ao gasoso. Trata-se de um produto que, normalmente, não é substituído em um ar-condicionado veicular. Mas se a redução da capacidade de resfriamento é latente, é sinal que o fluído está se perdendo, em razão de um vazamento no sistema, que é modular. Se isso ocorre, é porque pode ter havido um ressecamento nas conexões destes tubos ou qualquer outra avaria. Identificar o problema é o primeiro passo, e recolocar o fluído, o próximo. Do contrário, o proprietário estará lidando com o efeito, e não com a causa.
“Fluído não tem validade, desde que o sistema se mantenha totalmente lacrado e fechado. Na necessidade de uma carga, recomendamos o tipo R134A, que custa cerca de R$ 130 para 500 gramas, além do óleo sintético que deverá ser colocado no compressor”, sugere Terense Costa.
Segundo ele, 500 gramas é um valor médio para que o sistema de ar-condicionado atinja sua capacidade de resfriamento, dimensionada pela unidade de energia conhecida como BTU. “O Gol G5 e G6, por exemplo, necessita de aproximadamente 450 gramas. É importante frisar que o fluído se coloca por peso, e não por pressão, como alguns mecânicos insistem em fazer. Se a pressão vai além, o sistema pode se romper, provocando danos e prejuízos.”
Manutenção
Portanto, ao fazer a manutenção do carro, inclua o ar-condicionado entre as prioridades. Apesar de silenciosos, os problemas causados pelo uso irregular dos aparelhos podem ser muito maiores do que todos imaginam. Ah, e uma dica valiosa: procure as oficinas especializadas, preferencialmente, no inverno, pois além de sentir menos falta do ar-condicionado (na necessidade de ter que encomendar alguma peça a ser substituída), os serviços tendem a ficar mais baratos. É a velha lei da oferta e da procura.