Conheça oito árvores imunes ao corte em Juiz de Fora
Espécies são protegidas por decreto municipal devido a sua localização, raridade e beleza
Você sabia que em Juiz de Fora oito árvores estão protegidas por decreto e não podem ser cortadas? Cada decreto municipal protege uma árvore em específico. As normas foram publicadas ao longo de 1978 e 2006. Conforme a lei, essas árvores não podem ser derrubadas em vista de sua “localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes”.
Ao todo, a cidade já teve dez árvores imunes à corte, mas duas tiveram que ser retiradas devido ao risco iminente de desabamento. Uma delas era da espécie Guapuruvu e ficava no Colégio Santos Anjos, no Bairro Vitorino Braga. A outra era um cedro vermelho, na Rua Bady Gehara, no Bairro Ipiranga.
Os exemplares protegidos só podem ser retirados em caso de doença, risco iminente de queda ou motivo de força maior. Para isso, um novo decreto tem de ser feito autorizando sua remoção, como o decreto 2.701, de 19 de fevereiro de 1982, que autorizou o corte do Guapuruvu.
Em 2019, o arquiteto e paisagista Caio Cunha, orientado pelos professores da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Mariane Unanue e Antonio Colchete Filho, iniciou uma pesquisa sobre as árvores tombadas na cidade. O estudo buscava entender a relação das árvores em ambientes urbanos e o bem-estar emocional e psicológico dos cidadãos.
A pesquisa também listou quais são as árvores imunes à corte e onde elas se encontram. São elas: uma Albizia saman (Árvore da Chuva), que fica na Rua Doutor Hermenegildo Villaça, no Centro; um Pau-Brasil, na Escola Fernando Lobo, no São Mateus; uma Palmeira Imperial e uma Sapucaia, no quartel general da 4º Região Militar; uma Peroba-Rosa e um Pau-Brasil no Parque Halfeld; um Pau-Ferro na AABB, no Bairro Teixeiras; e outra Árvore da Chuva na Praça Coronel Aprígio Ribeiro, no Bairro Paineiras.
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Relação com as árvores urbanas
No entanto, conforme os pesquisadores, existem outras árvores na cidade que também poderiam receber proteção por decreto. “Durante o processo de construção da dissertação, muitas conversas informais indicaram que a população de Juiz de Fora tem muito a contar sobre sua história com as árvores urbanas. Contudo, os motivos pelos quais as dez árvores foram declaradas imunes se resumem em sua quase totalidade a “beleza e raridade”. É importante levar em consideração aspectos mais profundos na relação entre as pessoas e determinadas árvores urbanas”, afirmaram os pesquisadores em resposta coletiva à reportagem.
O número de dez árvores tombadas é menor do que o encontrado em outras cidades do Brasil. Curitiba, por exemplo, possui 21 árvores imunes ao corte, em função de localização, porte, espécie, raridade, beleza, histórico ou relação com a comunidade. A cidade de Recife conta com 54 árvores tombadas desde 1979, entre baobás, mangueiras, gameleiras e outras, que da mesma forma são tornadas imunes de corte por análise de profissionais da Prefeitura. Outros lugares como Distrito Federal e Porto Alegre possuem respectivamente 12 e 664 árvores tombadas.
Árvore da Chuva
Para o paisagista Caio Cunha, dentre as dez árvores tombadas, a que ele nutre admiração especial é a que fica na Praça Dr. Hermenegildo Villaça, próxima a Igreja São Sebastião. A espécie é uma Albizia saman, conhecida como Árvore da Chuva. Esse grupo de árvores se destaca por possuir altura média para alta, alcançando até 45 metros. A espécie também possui larga abrangência horizontal, e a copa pode atingir até o dobro da altura da árvore em termos de comprimento.
“A árvore de Juiz de Fora possui aproximadamente 15 metros de altura, com sua copa medindo aproximadamente 33 metros de diâmetro. O motorista ou pedestre que se aproxima pela Rua Santo Antônio ou pela Rua Marechal Deodoro, do estacionamento da Igreja São Sebastião, se depara com esse grande marco na paisagem. Apesar de possuir altura significativa, o aspecto que mais realça sua presença no entorno é sua grande copa, que se estende por sobre a rua e atrai olhares, ao passo que aproxima seus galhos dos pedestres que por ali passam. Seu tronco logo se desdobra em uma série de troncos menores e retorcidos. É um espetáculo da natureza”, afirma Caio.