Já virou tradição. Escritores da cidade e da região, capitaneados pela também autora e proprietária da Gryphon Edições, Maria Helena Sleutjes, reúnem-se para o projeto “Juiz de Fora ao luar”, que, neste ano, chega ao quarto volume. Desta vez, 32 vozes dividem-se entre contos, crônicas e poesia. Além de Maria Helena, Angelina Nardy, Arlindo Tadeu Hagen, Artur Laizo, Felipe Rocha, Leila Barbosa, Maria Elizabeth Sacchetto, Marinus Adrianus Sleutjes, Marisa Timponi, Mauro Cruz, Ramon Brandão, Rosângela Rossi, Telma Regina, Abuaré de Almeida Machado, Antonio Marques,Calina Machado, Ivone Zimmermann, Luiz Almeida, Neuza Marsicano, Ana Hallack, Analice Maria Nogueira, Cecy Barbosa Campos, Elma Trindade de Azevedo, J.R. Amorim, Jorge Silva, José Fonseca, José Olavo Smanio Brando, Marcelo Espíndola, Marcos Melo, Marisa Pontes, Regina de Castro Barbosa e Victor Nogueira de Paula.
“Os autores participantes primaram pela qualidade de seus trabalhos. Estão a nos dizer em cada texto sobre o aprimoramento, o burilamento, a lapidação do ato de escrever. Há um grande avanço em termos de criatividade, versatilidade e qualidade do que foi apresentado neste volume”, conta Maria Helena. Vale reforçar que “Juiz de Fora ao luar” nasceu, lá em 2015, com a intenção bem definida de dar visibilidade aos escritores da cidade. Propósito que se reafirma a cada ano. “Podemos dizer que houve um bom avanço na edição de publicações coletivas neste período de pandemia. Em Juiz de Fora, isso ficou bem evidente. Os meios de divulgação também deram um bom apoio na divulgação de coletâneas e antologias. Acho que a reunião de diversos autores acabou dando mais segurança aos que queriam publicar e sentiam que este não era o melhor momento, especialmente para as publicações solo.”
O quarto volume de “Juiz de Fora ao luar”, com prefácio de Cecy Barbosa Campos, presidente da Academia Juiz-forana de Letras, e imagem da capa de Valéria Faria (colagem digital com fotografia antiga do Parque Halfeld e flores ornamentais), será lançado no final de setembro, em data ainda a ser definida. “Os lançamentos dos volumes anteriores ocorreram no Constantino Hotel e reuniram cerca de 300 pessoas. Com a pandemia, isso se tornou inviável. Muitos lançamentos estão ocorrendo em encontros virtuais, mas nós decidimos fazer algo diferente. Vamos editar um vídeo reunindo a fala de todos os autores sobre a publicação.”
Marisa Loures – Além de organizadora da antologia, você também está entre os escritores. Assina o texto “Memórias de Juiz de Fora”. São suas essas memórias? É você quem está ali perdida no horizonte, visitando outras épocas?
Maria Helena Sleutjes – Sim, são as minhas mais recentes memórias, pois se referem a Juiz de Fora nos últimos 10 anos, e são memórias da casa em que morei no Mandala Park. Eu sempre registrei não fatos, mas sentimentos que me foram mais caros, desde cedo e por todos os lugares por onde andei. Tenho, então, escritos sobre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Londrina, Petrópolis, Penedo. Meu próximo livro vai trazer esses relatos sob o título: “Há uma manhã solta lá fora, procurando-me” (no prelo).
– “A poesia sempre estava por perto”, escreveu você em “Memórias de Juiz de Fora”. Lembrei-me que, certa vez, confessou que se sente muito dividida entre o ofício de escritora e o de editora. Os tempos de agora têm exigido mais da escritora ou da editora?
– Eu sou mesmo apaixonada pelas duas vertentes em que me debruço – escrever e editar. Ora uma predomina, ora a outra. E vai dependendo dos projetos, da forma com que estes projetos me cativam. Neste período de intervalo causado pela pandemia tenho escrito mais.
– Você me disse que recebe muita informação do exterior e que procura se atualizar na área editorial. O mercado estrangeiro tem proporcionado muitas novidades? Há coisas boas vindo por aí?
– A pandemia prejudicou enormemente o mundo editorial e livreiro. Houve uma brusca ruptura no andamento das formas usuais de edição e de venda de livros em papel. Houve uma migração vertiginosa para o virtual, e muitas editoras e livrarias fecharam suas portas. Perdemos muitos distribuidores de livros em São Paulo nesta fase de total insegurança. Como investir na edição ou publicações de livros quando não se tinha uma ideia sobre o amanhã? Mas, em contrapartida, os escritores escreveram muito mais neste período. Teremos em breve não só um maior número de publicações referentes a esta fase, mas também um leitor modificado pela dor, pelas perdas, pela insegurança vivida. No entanto, o livro em papel segue a tendência de ser um presente, algo especial para leitores especiais, que é o slogan da Gryphon Edições.
– A Gryphon nasceu, primeiramente, da sua dificuldade em passar a ideia dos seus livros para os editores com os quais você trabalhava. Ela atende à demanda do autor, não vende nem distribui os livros. Muitos, influenciados por estes tempos em que vivemos, têm repensado projetos de uma vida. Hoje, você mudaria algo em relação aos propósitos da editora?
– Agora, com maior ênfase, só pretendo editar os livros pelos quais me apaixone ou os livros de pessoas que me são muito caras. E isso vai me permitir priorizar um compromisso comigo mesma na edição de alguns projetos que já estão em andamento: “A chuva de Marisa” (no prelo), de Regina machado; “Há uma manhã solta lá fora, procurando-me” ( prosa e poesia – no prelo), de Maria Helena Sleutjes; “Um planeta chamado cuidado” (infantil – no prelo), ,de Maria Helena Sleutjes; “Dificuldades da língua portuguesa para escritores”, de Luiz Almeid e Daniela Belford.
“Juiz de Fora ao luar”, volume 4
Coordenação editorial: Maria Helena Sleutjes
Editora: Gryphon Edições (278 páginas)