“Game of Thrones”, a novela

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Legal saber que há pessoas realmente dispostas a ler – e a comentar – este quadrilátero semanal, gente que não conheço mas já considero pra caramba. Um prazer conhecer todos vocês, que se manifestaram graças ao meu desabafo após mais um momento de exasperação com “Game of Thrones”, a série que mais causa reações de amor e ódio por aí.

Por isso mesmo, vamos colocar alguns lances nos eixos – e com direito a um spoiler ou outro: “Game of Thrones” é irritante, sim, mas eu gosto. É uma produção muito bem feita, com uma história que prende o espectador, personagens já inseridos no ideário pop e uma baciada farta de momentos antológicos, para o bem e para o mal. E esse “irritante” não é no sentido de “insuportável”, como era o caso de “Revolution”, mas sim por nos fazer torcer pelos seus personagens e, ao ver que eles se dão espetacularmente mal, você acaba ficando com raiva, quer desistir de assistir, perde a fé na raça humana, porém já esperando pelo próximo capítulo.

E é claro que ainda “irrita” pelos motivos que escrevi semana passada: o mundo está uma droga, notícias de tragédias, corrupção, roubos, a intolerância que rola pela internet. Quando sentamos em frente à TV, queremos um pouco de alívio, sim, para o estresse cotidiano – e isso não quer dizer um mundo alegre e fofinho, se fosse assim a gente só assistiria a “Ursinhos Carinhosos”. Ainda que seja uma reprodução do que ocorria no período medieval, isso não é razão suficiente para não ficarmos tiriricas quando um personagem feito o Oberyn Martell tem sua cabeça transformada em paçoca. “Vikings”, por exemplo, equilibra muito mais essa equação, e ninguém diz que ela é “leve”.

Cada fã tem sua visão para a série, mas, no meu caso, “Game of Thrones” não “ajuda” nessas horas. Ela mexe profundamente com as emoções do ser humano, da mesma forma que uma novela da Globo – mesmo que “GoT” seja infinitamente superior aos folhetins diários. Só para pensar: qual a diferença entre Cersei e uma Nazaré ou Carminha, por exemplo? E o que difere a mosca morta da Sansa dos personagens feitos pela filha da Regina Duarte?

O último episódio marca bem isso. A Cersei pode até quebrar a cara, como foi o caso com o Alto Septão, mas cai atirando, ameaçando todo mundo feito um Eduardo Cunha dos tempos medievais. E a Sansa? Desde o início da temporada, leio sobre o quanto ela vai crescer, que vai ficar mais “badass”, e o que acontece? A Stark de Beverly Hills continua sendo manipulada, tratada feito um joguete nas mãos alheias, e segue estúpida a ponto de pedir ajuda logo para o Theon Greyjoy, o cretino que ajudou na queda definitiva de Winterfell e hoje é cachorrinho do marido dela. Mais novelão, impossível.

Independente das reações de amor e ódio, “Game of Thrones” é uma das minhas séries favoritas, sim. Mas ela também é irritante, às vezes.

E tenho dito.

Valar Morghulis. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também