A (segunda) melhor série de TV do Universo

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Quem acompanha este quadrilátero desde seu início sabe o quanto gostamos de “Demolidor” (Netflix), uma das melhores coisas feitas para a TV em todos os tempos. Pois hoje vamos falar do mais subestimado seriado de toda a existência humana, batendo até mesmo nossa amada “Fringe”: “The americans”.

Por razões que nem a própria razão pode explicar, o canal FX parece ter vergonha de ter no seu cardápio a mais inteligente série de TV dos últimos anos, que já teve encerrada sua terceira temporada no Estados Unidos. Por aqui, quando entra na grade do FX, é em horários dos mais esdrúxulos, e atualmente sequer está sendo reprisada.

Mas vamos tentar conquistar os corações de nossos leitores explicando do que se trata. Criação de Joseph Weisberg, “The americans” é situada na década de 80 e centrada nas missões dos espiões interpretados por Keri Russell (“Felicity) e Matthew Rhys (“Brothers & Sisters”), da antiga União Soviética, treinados pela KGB e enviados para a América cerca de 15 anos antes. Com identidades falsas, eles formam um típico casal made in USA, donos de uma agência de turismo e com um casal de filhos entrando na adolescência, tendo que equilibrar as atividades do dia a dia com o ofício de espionagem.

E aí está um dos grandes trunfos da série. Por mais que pareça inverossímil que Elizabeth (Russell) e Philip Jennings (Rhys) consigam ser pais, empresários e espiões, “The americans” aposta no enredo bem-amarrado e sem exageros para conquistar a credulidade do espectador. Não há (no sentido de espetacularização) nenhum momento “007” ou “Missão: Impossível” ali, mesmo com o uso dos aparelhinhos eletrônicos espertos disponíveis na época. E os personagens, quando saem na porrada, é como aquela briga de rua que eu ou você teríamos em situações normais. E a galera leva tiro, facada, é atropelada, quebra dentes e ossos e fica com hematomas. E morre, também, é muito “Valar Morghulis” para quem escolhe esse tipo de trabalho. A vida de espião, ali, não é fácil.

Mas a produção tem outras armas para mostrar quem manda no terreiro. Um deles é o elenco que acompanha os protagonistas, gente como Noah Emmerich (o agente do FBI vizinho do casal), Frank Langella (o contato deles com a Mãe Rússia), Margo Martindale, Lev Gorn, Holly Taylor (a filha desconfiada), Richard Thomas, Annet Mahendru. Há também a excepcional reprodução dos Estados Unidos de três décadas atrás, seja no vestuário, eletrodomésticos, carros e raros equipamentos eletrônicos. Era uma época em que não havia celular e internet, então a comunicação era extremamente difícil – roubar informações secretas, então… Por isso, ter que usar o corpinho, poder de sedução e chantagem para colocar escutas são ferramentas recorrentes na série. E o contexto histórico é muito bem colocado, com o clima de Guerra Fria sempre presente e com cada lado defendendo o seu modo de vida.

E ainda temos casamentos falsos, romances de fachada e disfarces – muitos disfarces! São roupas, perucas, bigodes postiços, óculos, tudo para deixar os espiões nada parecidos com o pacato casal que administra a agência de turismo. De femme fatale a clone de um integrante dos Ramones, vale tudo para passar despercebido.

Ainda inédita por aqui, a terceira temporada mostra soviéticos e americanos enfrentando novos desafios – geopolíticos e pessoais – enquanto tentam ser mais espertos que o adversário, com o episódio final deixando um excepcional gancho para o quarto ano.

“The americans”, meus amigos, é boa demais da conta, e revogam-se as disposições em contrário.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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