‘Midnight Diner: Tokio stories’, um japonês para abrir o apetite

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Já comentei em outras oportunidades sobre a dificuldade em acompanhar todas as séries legais que rolam por aí, por falta de tempo e outras questões existenciais. E como gostamos de complicar e ser criaturas contraditórias, como diria o Imperador Django, aproveitamos para acompanhar outros seriados que nem são tão badalados assim, mas pelos quais somos arrebatados e – pimba! – lá vamos nós assistir de cabo a rabo “Midnight Diner: Tokyo stories”, que está no catálogo da Netflix e conquistou no ato da matrícula este coração leviano.

Eu descobri “Midnight Diner” graças a uma postagem facebookiana do inoxidável W. Del Guiducci, o que mostra que a internet não se resume a pós-verdades cretinas. A série é adaptação televisiva que a rede japa TBS fez do mangá “Shinya Shokudô”, de Yarô Abe, com três temporadas de dez episódios cada entre 2009 e 2014 e uma versão para o cinema lançada em 2015, sendo que a Netflix disponibilizou em outubro de 2016 o “quarto ano” do programa.

A série tem como cenário principal um misto de restaurante e lanchonete que funciona em Tóquio entre a meia-noite e as sete da manhã, servindo de ponto de parada para quem está começando a noite ou quer relaxar antes de chegar em casa. Porém, ao contrário do visual feérico mostrado na abertura, com todas as luzes e agitação noturna da capital japonesa, o restaurante – que mais parece um acolhedor boteco de quinta categoria – fica num buraco que apenas os mais experientes nas quebradas de Tóquio vão conhecer. O único funcionário do estabelecimento é o seu proprietário, conhecido apenas como Mestre, de quem não se sabe nada, apenas que tem uma cicatriz bizarra em um dos olhos. O cardápio contém uma única opção, mas o Mestre prepara qualquer refeição pedida desde que tenha os ingredientes – ou que os frequentadores os comprem.

Os personagens principais de “Midnight Diner: Tokyo Stories” são, na verdade, os clientes. Cada episódio – marcado pela preparação de um prato diferente – conta a história de personagens comuns, que podem ser radialistas, taxistas, prostitutas, advogados, professores, comediantes, e até mesmo um ator pornô entra na parada. Todos passam pela bancada do restaurante, em que contam para o Mestre e outros clientes seus problemas e compartilham seus problemas e alegrias particulares, com muito humor, melancolia e algum drama, com tipos tão diferentes convivendo de forma harmônica e, ao mesmo tempo, mostrando como a cultura oriental pode ser tão diferente da informalidade que vemos no nosso cotidiano.

A parte gastronômica do seriado é um espetáculo à parte para quem gosta de um bom prato e serve para mostrar a relação quase religiosa que o japonês tem com a comida. Há toda uma variedade de refeições, que vão do omelete de arroz ao empanado de presunto, passando pelo tonteki, corn dog e umeboshi. São pratos que, em sua maioria, dão vontade de viajar para o Japão no próximo avião e tentar encontrar o restaurante do Mestre.

Com pouco mais de 20 minutos por episódio, “Midnight Diner: Tokyo Stories” é a sugestão ideal para quem está com tempo para um “rapidinha televisiva” ou engatar uma pequena maratona no final de semana. Os efeitos colaterais, porém, são imediatos: a ansiedade pela próxima temporada e uma vontade irresistível de se jogar na culinária japonesa.

Nagai raibu to han’ei. Soshite,-gyo ni kansha. Ou algo parecido.

Júlio Black

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