Sobre bons (e maus) quadrinhos

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Quem curte histórias em quadrinhos sabe que esta é uma excelente época para colocar suas coleções em dia, com bancas, livrarias e lojas especializadas vendendo revistas avulsas, encadernados e afins. Coisa boa não falta – e vamos falar delas depois -, mas sempre há o risco de alguém sofrer amnésia temporária e comprar os dois volumes de “Guerras secretas”. E por “alguém” leia-se este que vos escreve, desmemoriado o suficiente para adquirir essa desgraça.

“Guerras secretas” não é apenas ruim. Ela é pavorosa em sua concepção (cortesia de Jim Shooter) e é o eterno clichê que só fanboys mais preguiçosos gostam: heróis e vilões reunidos para se enfrentarem várias e várias e várias vezes, sem resultado prático – no máximo, vender aqueles bonequinhos horrorosos que chegaram até mesmo no Brasil lááá nos anos 80. Nem a arte de Mike Zeck se salva. “Guerras secretas”, pelo menos, mostrou o novo uniforme do Homem-Aranha e colocou a Mulher-Hulk no Quarteto Fantástico.

A existência dessa minissérie se torna ainda mais absurda quando comparada a histórias publicadas mais ou menos no mesmo período: “O Cavaleiro das Trevas”, “A queda de Murdock”, “Batman – Ano Um”, “V de Vingança” e “Watchmen”, que teve sua “versão definitiva” adquirida no final do ano passado e devidamente devorada na última semana. Se o clímax da história pode ser considerado datado – principalmente se compararmos com o que foi feito na adaptação para o cinema -, acompanhar os 12 capítulos escritos por Alan Moore e desenhados por Dave Gibbons é ter a oportunidade de reler com a mesma reverência de anos atrás uma das obras que redefiniram o conceito de quadrinhos de super-heróis.

Outra coisa que li recentemente foi o arco “Imperial”, dos Novos X-Men, escrito pelo maluco do Grant Morrison. O escocês tirou os mutantes da desgraça em que eles viveram durante os anos 90 e provocou um auê: botou os X-Men para vestirem couro preto, colocou a Emma Frost na equipe só para ela tirar o Ciclope da Jean Grey – que morreu mais uma vez -, matou todo mundo que estava em Genosha (16 milhões de mutantes, só isso). Eram histórias sensacionais, que ficavam ainda melhores quando desenhadas pelo genial Frank Quitely.

Outro encadernado que li e gostei muito foram os três volumes de “Casanova”, cortesia de Matt Fraction e dos gêmeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá. Fraction é o cara que escreveu a série do Gavião Arqueiro até o início do ano, e os brasileiros têm talento o suficiente para acompanhar as pirações do roteirista americano. Para quem gosta de ficção científica lisérgica, com viagens no tempo, espaço e entre realidades alternativas, mais pitadas generosas de filmes de espionagem, erotismo e violência, “Casanova” tem tudo para fazer o seu cérebro derreter.

E é o que temos até 7 de agosto, quando este seu ah migo retorna de férias.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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