Crônica de fim de ano

Por Marcos Araújo

Todo mundo tem uma superstição sobre como virar o Ano-Novo da melhor maneira que acredita. Um amigo me disse que vai apelar para a simpatia da folha de louro. Segundo ele, passar a noite do dia 31 de dezembro com uma folha de louro entre as notas de dinheiro dentro da carteira é certeza de prosperidade no ano vindouro. Mas, para dar certo, é preciso doar parte do dinheiro depois e jogar a folha de louro em água corrente. Fui pesquisar sobre o tema e achei uma explicação para o surgimento dessa superstição.

Na época da Idade Média, o loureiro era considerado a planta que simbolizava o sucesso, a prosperidade e a fortuna. Os povos antigos usavam folhas de louro em grande parte das confraternizações, seja para temperar a comida ou como forma de ornamentação da festa. Parece que, no Brasil, esse valor simbólico da folha foi preservado, transformando-se em um ritual de fim de ano. Se a gente for levar em conta a situação econômica do país, será preciso muito pé de louro para nos salvar do atoleiro que nos encontramos.

Na minha família, não nos prendemos a esse tipo de costume. O máximo que pode acontecer é usar uma peça de roupa de cor branca, mas acho que isso tem mais a ver com o modismo do uso do branco na passagem de ano do que com alguma crença que possa atrair bons fluídos para o ano que se anuncia. Também não estou dizendo que a entrada de um novo ano é apenas mais um ano.

Acredito sim que a vida é feita de ciclos e de passagens de um ponto para o outro, confiante de que essa travessia sempre nos leva para um lugar melhor. O início do ano serve de pretexto para o começo de novos projetos, de tomadas de decisão e de seguir rumos diferentes, o que nos enche de ânimo. Também sei que muitas das novas metas naufragam ao longo dos 12 meses até o próximo Réveillon. Porém, é justamente, a esperança de que tudo pode dar certo que é a graça da vida, que faz da noite da virada uma das mais esperadas. Sem isso, deixaríamos de ser humanos. A vida deixaria de fazer sentido.

Dois mil e vinte e dois é um ano importante para o Brasil, pois traz consigo a possibilidade de deixarmos para trás muita coisa que vem nos fazendo mal até aqui. Não foi fácil atravessar dois anos de uma pandemia planetária e ainda tendo que lidar com negacionismo, autoritarismo, machismo exacerbado, racismo e todo o resto do pacote que nos foi empurrado goela abaixo.

A impressão que dá é que, ao longo deste ano que termina, quiseram roubar a nossa harmonia, levando junto nossa esperança. Mas não é bem assim. Com o fechar de um ciclo, novas possibilidades se abrem. Que saibamos reconhecer o que temos de bom, para animar quem segue ao nosso lado e celebrar a chegada do Ano-Novo, que seja vestido de branco ou com folha de louro na carteira. Seja com ou sem superstição. O importante é seguir com nossa humanidade. A quem continuou com a leitura até aqui, fico agradecido e desejo um 2022 cheio de mudanças para o ciclo que se inicia!

Marcos Araújo

Marcos Araújo

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