A verdade está sob mira

Por Marcos Araújo

Vídeos falsificados, imagens descontextualizadas, discursos que nunca aconteceram, informações ambíguas, versões em cima de versões, mentiras misturadas aos fatos. Tudo isso me traz à mente uma frase que tem marcado presença nos feeds: “Na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Essa afirmação serve de alerta e também confirma o turbilhão de desinformação compartilhado nas redes e nos aplicativos de mensagens acerca do conflito no Oriente Médio.

Se já não bastassem os disparos de foguetes, tiros, sequestros, casas incendiadas e tantos outros tipos de violência, que são motivos de sofrimento para todo o mundo que assiste ao que está ocorrendo em Gaza, a divulgação vertiginosa de fake news alimenta o discurso de ódio, colocando mais lenha na fogueira ideológica, o que resulta em mais violência.

Estudiosos do assunto indicam que as mentiras, em tempos de guerra, ganham características bélicas na internet e se transformam em armas muito perigosas para a sociedade. Envolvidas em imagens e mensagens sensíveis que causam fortes emoções, essas invenções furtam das pessoas o discernimento no processo de identificação do que é real ou não.

Imagens, como a de um bebê amarrado com seis granadas ao longo de seu corpo, com um homem barbado ao seu lado, fazendo referência à atual guerra no Oriente Médio, mexem com os sentimentos das pessoas, turvando a capacidade de melhor compreensão da realidade. No entanto, como já foi mostrado por agências de checagem de informações, essa imagem da criança ameaçada com granadas circula nas redes, ao menos, desde 2016, com mensagens de ataque ao islamismo ou com alusão à guerra da Síria. Logo, não tem relação com o atual conflito na Faixa de Gaza.

Plataformas, como a Agência Lupa e o Projeto Comprova, têm trabalhado para investigar informações suspeitas e esclarecer o que é fato e o que é fake, pois já está claro, como apontam os especialistas, que o uso da desinformação tem viés político, servindo de instrumento de manipulação e de ataque a adversários, e já é possível saber aonde isso vai dar.

No mundo cada vez mais conectado, a disseminação de informações incorretas ou tendenciosas pode ter graves consequências, especialmente durante crises e conflitos. É importante que as pessoas sejam críticas em relação às informações que encontram nas redes sociais e verifiquem a fonte e a veracidade antes de compartilhá-las. A promoção da educação midiática e da alfabetização digital também desempenha um papel relevante na redução da difusão de desinformação. O alerta é que todo o cuidado é pouco quando a verdade está sob mira.

Leia mais textos da coluna 3miltoques

Marcos Araújo

Marcos Araújo

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também