Vinhos para sobremesa
Em primeiro lugar é preciso distinguir vinhos naturalmente doce de vinhos artificialmente adoçados. Vale lembrar que os vinhos adoçados artificialmente possuem um grande mercado em nosso país e é o responsável pelo início de muitos consumidores no mundo do vinho. Segundo especialistas, muitos iniciam pelos vinhos adoçados artificialmente pois “são mais fáceis de serem bebidos”.
Os vinhos artificialmente adoçados, também conhecidos como vinho suave ou de garrafão, são elaborados a partir da espécie vitis labrusca ( uvas americanas) por possuírem baixo teor de açúcar, sendo assim, sua adição artificial se faz necessária. Já os vinhos finos de sobremesas são produzidos a partir da espécie vitis viníferas (uvas europeias), que possuem altos níveis de açúcar naturalmente. Vejamos agora alguns dos mais famosos vinhos de sobremesas e como eles são produzidos.
Fortificação: Inicialmente, o processo é igual ao do vinho seco, porém a fermentação alcoólica é interrompida muito antes que os açúcares acabem. Este feito só é alcançado através da adição de aguardente vínica (conhecida como álcool vínico). Dessa maneira, o vinho se mantém doce, já que as leveduras não poderão consumir completamente o açúcar. O vinho do Porto em Portugal e o Jerez na Espanha são bons exemplos desse método.
Colheita tardia (Late Harvest): Nesse método, as uvas são deixadas na videira e colhidas após o tempo de maturação normal. Assim, elas perdem água e concentram mais açúcares, tornando o gosto bem doce e ácido. É um método muito utilizado nos países do Novo Mundo.
Passificação (Passito): Tem o mesmo conceito da anterior, mas as uvas são colhidas na maturação normal e submetidas à desidratação em esteiras colocadas ao sol ou em estufas. Nesse processo as uvas chegam a perder até 40% do seu peso, dando origem a vinhos complexos e muito aromáticos. É empregada na Europa, principalmente na Itália.
Podridão nobre: Apesar de o nome parecer pouco atrativo, esse tipo de processo é super curioso. O vinho é resultante de uvas atacadas por um fungo chamado Botrytis cinerea, onde a casca das uvas é rompida, culminando na evaporação da água, concentrando ainda mais os açúcares. E não se preocupe, o sabor desses vinhos é incrível. Destaco aqui os fantásticos Sauternes, sub-região de Bordeaux, na França. E do maravilhoso Tokaji, na Hungria, produzido na região de Tokaj-Hegyalja, que em junho de 2002 foi declarado patrimônio mundial pela Unesco.
Ice Wine (vinhos congelados): Em regiões muito frias é comum que a colheita ocorra de forma mais tardia, depois do inverno, pois nesse momento as uvas já estarão com maior concentração de açúcar. Além disso, por causa do clima, muitas vezes ocorre o congelamento da água no interior dos bagos, apenas o líquido, pois as partes sólidas não são afetadas. E é com esses bagos congelados que são produzidos os chamados Ice Wine. O processo de vinificação começa com as uvas ainda congeladas, o que diminui consideravelmente o volume da produção. A desidratação reduz o volume produzido, mas, ao mesmo tempo, aumenta o teor de açúcar natural. O resultado disso são vinhos bem doces e saborosos. Os países que mais produzem esse tipo de vinho são a Áustria, a Alemanha, o Canadá e os Estados Unidos.
Os vinhos de sobremesas podem ser servidos acompanhados de sobremesas ou não e, por serem muito doces e possuírem um grande teor alcoólico, são, geralmente servidos em taças menores do que os vinhos secos e em quantidade bem menor. Isso explica, também, por que a maioria desses vinhos são vendidos em garrafas menores. Nos próximos encontros vamos falar um pouco sobre os grandes países produtores, suas regiões e seus vinhos ícones. Saúde!!!