Exceção e regra
A primeira zebra do futebol brasileiro pós-pandemia zurrou na última quarta-feira, quando o Mirassol despachou o São Paulo nas quartas de final do Campeonato Paulista em pleno Morumbi. Aliás, quase todo ano temos uma dessas no Paulistão. Até aí, nada de novo. A novidade é o contexto, assim como tudo que estamos vivenciando neste momento de exceções.
A história do Mirassol nesta retomada é bem a cara dos improvisos que estamos sendo obrigados a colocar em prática em um mundo que o risco parece sempre estar logo ali do lado. Artilheiro da classificação, o atacante Zé Roberto não planejava estar em campo três dias antes. Foi convencido no domingo, treinou um dia e marcou duas vezes na vitória por 3 a 2 do clube do interior.
Além de improvável, a história fora da curva de Zé Roberto ajuda a entender a regra de nossos clubes no momento. Exigir e esperar um bom futebol a curto prazo – tipo, no mês de agosto, por exemplo – é pensar com a cabeça de um mundo que já foi. Ainda estamos em uma pré-temporada que deve se alongar. Os quatro meses distantes dos jogos trarão um peso para os atletas que só vamos compreender ao longo do processo.
Nos jogos que acompanhei neste meio tempo até aqui, de times cariocas e paulistas, ficou fácil perceber que a falta de ritmo de jogo, tempo de bola e de confiança é geral. A sensação que tive é de que temos elencos inteiros pisando na grama como se estivessem retornando de lesão. Freio de mão puxado para geral.
Com isso, de forma, o que temos assistido até aqui são jogos equilibrados. Nem mesmo os badalados elencos de Flamengo e Palmeiras, por exemplo, sobraram em seus jogos. Em especial, nos decisivos. Sem a torcida, o espetáculo fica ainda mais modorrento.
Os reflexos da pandemia têm resultado em jogos pouco atrativos. Chatos mesmo. É exatamente neste ponto em que todas as exceções do atual momento se encontram com a regra vista no futebol brasileiro nos últimos anos. Salvo raras exceções, já faltava brilho em nossos gramado antes da pandemia.