O exemplo de Autuori
Quando Paulo Autuori assumiu pela primeira vez o comando técnico de um time, eu não era nascido. Corria o ano de 1974, quando, aos 18 anos, estreou na Portuguesa Carioca. Foram mais de 40 anos dedicados à beira do campo, aos treinamentos e aos vestiários e de conquistas inegáveis, que incluem um Brasileiro, duas Libertadores e um Mundial. Nunca achei vistoso o futebol de suas equipes, mas admiro sua coragem em deixar a carreira em um bom momento, após classificar o Atlético Paranaense para as oitavas de final da Libertadores, em um grupo que deixou o Flamengo.
Aos 60 anos, o agora ex-técnico do Furacão ainda tinha lenha para queimar. Aos 56, por exemplo, Tite vive o auge da carreira no comando da Seleção. Porém, Autuori preferiu ser coerente com seu discurso a ficar amealhando contratos e níqueis aqui e acolá. Sempre crítico da instabilidade dos treinadores no futebol nacional, que têm suas cabeças a prêmio por qualquer revés, colocou um ponto final à carreira de forma taxativa: não dirige mais nenhum clube no Brasil. “No Brasil!”. Aspas que, a meu ver, deixam claro que o técnico se cansou de viver com a faca no pescoço. Atitude sensata em um cenário em que os treinadores são incensados e detonados ao sabor dos resultados.
Volto a tocar uma tecla viciada: o dia em que as diretorias deixarem de jogar todo culpa por suas falhas nos ombros dos treinadores, certamente, termos um futebol melhor e mais profissional.