Chef juiz-forano Pablo Oazen disputa título do Masterchef
Pablo e Francisco protagonizam primeira final masculina do programa
Para alguns brasileiros, terça-feira é dia de ir dormir tarde. Para os juiz-foranos então, nem se fala. Nascido por aqui, o chef Pablo Oazen representa a cidade na final do MasterChef Profissionais, reality show gastronômico exibido pela Band entre 22h30 e 1h30 toda terça. Em um episódio concorrido, o cozinheiro, dono do Garagem Gastrobar e do Bull & Beer, conquistou sua vaga para a disputa pelo título de melhor cozinheiro profissional do Brasil, além do troféu de que Ana Paula Padrão tanto fala, uma quantia de R$ 200 mil e uma viagem com acompanhante a Dubai, nos Emirados Árabes. Só por disputarem o prêmio principal, Pablo e seu atual oponente, o experiente Francisco, que vão compor a primeira final masculina do programa, já ganham R$ 1 mil por mês, durante um ano, para compras com o cartão Carrefour.
O lugar na batalha pela vitória do reality veio para Pablo depois de três provas difíceis. Na primeira, os participantes tiveram que preparar um prato que seria avaliado por fotógrafos especializados em gastronomia, vencendo o que fosse mais belo esteticamente. Depois desta etapa, os cozinheiros tiveram que preparar estes mesmos pratos, para serem julgados pelo sabor. A etapa foi especialmente tensa para Pablo, que preparou um prato com peixe, cujos filés teimaram em agarrar na frigideira, acabando “quebrados” e prejudicando a apresentação. Depois de muito xingar e temer o resultado, o juiz-forano apresentou sua criação: pargo, telha crocante de milho e erva-doce sobre molho romesco (à base de chouriço). O resultado foi arrebatador, e Pablo acabou ganhando a prova.
Na eliminatória, os semifinalistas tiveram que preparar um turducken, cuja descrição é tão duvidosa quanto a nomenclatura. Trata-se de um prato popular nos Estados Unidos, um peru recheado com pato e frango – daí o nome, do inglês turkey (peru), duck (pato) e chicken (frango). Uma das maiores dificuldades é acertar a cocção das aves, que possuem pontos diferentes. Além disso, os cozinheiros precisavam apresentar três acompanhamentos para compor um banquete completo. Pablo acabou indo para a final com Francisco, com seu turducken ao molho de laranja com farofa, arroz e salada, elogiado pelos pontos da carnes e pela coerência dos acompanhamentos – para a tristeza da Twittosfera, onde a carismática potiguar Irina, eliminada na semifinal, era a favorita.
Trajetória ascendente depois de obstáculos
No início do programa, Pablo esteve na berlinda diversas vezes, chegando a ser duramente criticado pelo jurado Erick Jacquin, com quem já havia trabalhado, e disse estar com vergonha de seu antigo subchef. “Ele foi superando expectativas. Começou mais quietinho, nervoso, tímido e depois foi só surpreendendo, apresentando pratos e técnicas que já reconhecemos como o estilo dele de cozinha. Depois que ele começou a mandar bem, esteve sempre entre os melhores, gostei bastante”, avalia Carol Melo, cozinheira do Garagem Gastrobar de Pablo. “Mas gostei de vê-lo tomando uns esporros (risos)”, brinca a profissional, que destacou o desempenho do chef na prova em que preparou um falso canelone de maçã verde recheado com ostras. “Foi uma mistura de sabores e técnicas totalmente diferente, muito surpreendente.”
A redenção do juiz-forano começou quando, em uma prova de eliminação, ele apresentou o “arroz doce caccio e pepe” que leva laranja, limão, caramelo, morango, mirtilo, cardamomo negro, amora e queijo de cabra, entre muitos outros ingredientes. A sobremesa encantou a jurada Paola Carosella, que disse ter sido uma das melhores que já comeu na vida. Daí para frente, a decolagem de Pablo foi visível. “Lembro-me dessa prova do arroz, em que a Paola duvidou do prato e admitiu a dúvida. Deve ser muito impactante estar todo o tempo sob provas do seu trabalho, quando se carrega um nome, uma trajetória e um trabalho.
O Masterchef Profissionais tem essa carga de promover ou atrapalhar a construção de um projeto de vida. Acho que isso trouxe, no início, medo e um questionamento de necessidade real de pertencimento ao programa ao Pablo, o que surtiu num efeito negativo a princípio. Inserido no jogo, Pablo conseguiu ser estratégico e surpreendeu os jurados. Chegar à final é a certeza do trabalho benfeito, do jogo bem jogado”, opina o jornalista José Alexandre Abramo, que acompanhou não só esta temporada, mas todas as outras do reality.
Para a funcionária pública Roberta Castro, a postura de Pablo com os outros participantes foi determinante para que o chef ganhasse sua torcida. “É claro que rolou uma empatia inicial pelo fato de ele ser mineiro e de Juiz de Fora, mas a vontade de ganhar e o fato de ele ajudar muito os outros participantes nas provas foi o que mais me chamou a atenção e fez com que eu entrasse pro #teampablo”, diz ela.
Menu degustação pode ser vantagem
A grande final do MasterChef será exibida na terça que vem, dia 5, a partir das 22h30. Em Juiz de Fora, vai ter transmissão com com ares de comemoração em grande estilo, no Privilège, onde o cardápio é assinado por Pablo. A noite terá petiscos clássicos do Garagem, coquetéis e promessa de DJ até a madrugada se o juiz-forano abocanhar o prêmio. Será um presságio?
Para a cozinheira juiz-forana Ingrid Borges, que acompanha o MasterChef e torce para seu conterrâneo, a final com Pablo e Francisco é muito representativa dos talentos que se destacaram nesta edição. “O Franisco vem com elegância, organização, experiência e uma carreira muito consolidada. Já o Pablo traz inovação, ousadia, uma cozinha mais moderna, apesar de nunca ter abandonado ingredientes e técnicas que refletem o Brasil e de Minas. Achei justo que os dois ficassem, porque se saíram melhor do que a Irina na semifinal, apesar de eu ter gostado muito do desempenho dela ao longo da competição. Mas, acima de tudo, é uma final que representa um bom balanço da jornada de cada um durante e competição”, conta ela, que chegou a assistir um episódio no Garagem, que vem transmitindo o programa ao vivo às terças num telão.
Para Carol, cozinheira do gastrobar, o clima de torcida remete a uma final de campeonato, com clientes e funcionários torcendo, porque Pablo, segundo ela, “não conta nada”. “Toda terça é uma surpresa pra gente, e os clientes vêm, torcem, perguntam querem saber mais sobre o programa e também sobre o cardápio. É um clima muito legal”, conta ela, que acredita que a prova da final, a preparação de um menu degustação autoral, tende a ser a praia de Pablo. ” A cozinha dele é muito diferente da do Francisco. Ele adora executar este tipo de preparo e faz isso muito bem e com muita frequência, então tem experiência”, pondera a profissional.
Ingrid Borges faz coro, e acreditando que o chef deverá apresentar seus pontos fortes como cozinheiro na final. “Acho que ele vai representar muito bem Minas Gerais, com a cozinha dele de autor, que ao mesmo tempo carrega toda a experiência técnica dele, de ter morado fora, com uma pegada espanhola e portuguesa que ele tem bem forte e uma montagem de cardápios coerentes e bem executados. Mas acho que podemos esperar isso na final: a mineiridade com toda a modernidade dele.”Já a espectadora Roberta Castro, apesar de estar na torcida, acha que Pablo precisa ficar mais calmo. “Na semifinal, ele ficou muito nervoso e quase colocou tudo a perder! (risos) Ele é o mais preparado, na minha opinião.”