DĂ©cimo e Ășltimo dia: Cachoeira Paulista – Aparecida
Nesta sexta-feira (26), os peregrinos da Caminhada da FĂ© chegaram Ă BasĂlica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP), apĂłs dez dias de caminhada
Pela primeira vez nestes dez dias de jornada, nĂŁo segui com os romeiros a pĂ© para a estrada. Me despedi deles na porta da pousada em Cachoeira Paulista, Ă 1h da manhĂŁ desta sexta-feira (26). “Espero vocĂȘs na entrada de Aparecida. Sorriam para minha cĂąmera”, e voltei para o meu quarto para tentar dormir atĂ© as 5h, quando partiria o caminhĂŁo levando as bagagens dos peregrinos. Tinha decidido pegar uma carona. Era preciso estar lĂĄ para registrar a vitĂłria de todos, sem exceção.
No horĂĄrio combinado, Cristian Franco, o motorista, jĂĄ me esperava. Ele me conta que esta Ă© sua quarta caminhada, mas a primeira que ele nĂŁo faz o percurso a pĂ©. “Ă um vĂcio bom, sadio”, me diz, nĂŁo escondendo a vontade que sentiu nestes dias de estar com os pĂ©s no asfalto. “O outro motorista nĂŁo pĂŽde vir, e eu tive que assumir o volante. Ano que vem eu vou caminhando”, prometeu.
LEIA MAIS:
- Nono dia: Queluz â Cachoeira Paulista
- Oitavo dia: Itatiaia â Queluz (SP)
- SĂ©timo dia: Vargem Grande â Itatiaia
- Sexto dia: SĂŁo Joaquim â Vargem Grande
- Quinto Dia: Santa Isabel â SĂŁo Joaquim
- Quarto Dia: SĂŁo Pedro do TaguĂĄ (MG) â Distrito de Santa Isabel (Valença/Rio)
- Terceiro Dia: Santa BĂĄrbara do Monte Verde â SĂŁo Pedro do TaguĂĄ
- Segundo dia: TorreĂ”es â Santa BĂĄrbara do Monte Verde
- Primeiro dia: JF â TorreĂ”es
Silvio Antonio Batista, o cozinheiro, veio junto na cabine. Por nove dias, nos alimentamos da comida saborosa preparada por ele. “Eu procuro dar atenção para aqueles que nĂŁo conseguem chegar igual aos outros.” Eu percebi isso, Silvio. Vi vocĂȘ, por vĂĄrias vezes, levar o prato de comida aos locais onde estava quem nĂŁo tinha forças para chegar atĂ© vocĂȘ.
Desci na entrada de Aparecida e me sentei no acostamento para esperar pela chegada dos peregrinos. JĂĄ eram quase 6h30, e eles deveriam estar prĂłximos. Me emocionei com as cenas que assisti a partir dali. Logo, eles começaram a chegar, sozinhos ou em grupos. “Ă muita emoção, muita”, me diz o comerciante Luiz Dieres da Cruz, que carregava a bandeira de Nossa Senhora. Ao lado dele, Ronan BrandĂŁo me olha, e as lĂĄgrimas brotam dos olhos, meus e dele. “NĂŁo dĂĄ para falar.” VocĂȘ jĂĄ disse tudo, Ronan. Sua força me emociona e sua fĂ© me comove. Obrigada por me dizer tanto sem precisar usar as palavras.
Olho para trĂĄs e vejo Walter Aparecido de Paiva de mĂŁos dadas e braços levantados com a esposa Franciele Cristina Mendes Oliveira. “Valeu, Regina! Valeu a força, Regina! Tamo junto”. Valeu mesmo, Walter! Foi lindo ver vocĂȘ feliz ao lado da Fran. “Conseguimos, Regina”, ela vibra. Eu tinha certeza, Fran.
Atrås deste grupo, me deparo com Maicon de Lima e me lembro da conversa linda que tivemos sobre a vida na pousada de Queluz. Dou um abraço nele e choro de felicidade.
Maycon segue sem conseguir se expressar em palavras. Sento na grama para me recuperar daquela emoção, enquanto aguardo um outro grupo chegar. Um carro acessa a entrada de Aparecida, e o motorista me vĂȘ sentada. Para, dĂĄ a marcha rĂ©, abre o vidro do carro e me pergunta: “A senhora estĂĄ se sentindo bem? Precisa de ajuda?” “Estou sim. SĂł estou emocionada com a chegada dos meus amigos romeiros.” Ele olha para o lado e nĂŁo vĂȘ ninguĂ©m. “Oi? Como assim? NĂŁo entendi.” Eu sei, sĂł entende quem vive o que eu vivi nestes Ășltimos dez dias. Agradeço a atenção e digo que ele nĂŁo precisa se preocupar. E sigo registrando e me emocionando com a vitĂłria de cada um.
No SantuĂĄrio, a confraternização com familiares e amigos acontece no estacionamento. Os romeiros rezam o terço, participam de uma missa e voltam para suas casas com o corpo doĂdo e a alma renovada.
Eu, na próxima semana, volto à redação da Tribuna para escrever as histórias que ouvi e ainda não contei. A matéria especial serå publicada no domingo, dia 4 de agosto.
E a vocĂȘs, leitores, o meu sincero agradecimento por embarcarem comigo nesta jornada de fĂ©.
Tópicos: fé na estrada