Planejar ainda é necessário!
Planejar não é escrever ou realizar cálculos. Isso é a casca de qualquer planejamento. O que realmente importa está relacionada ao ato de pensar, observar e analisar
Podem até me convencer com provas reais e justificativas plausíveis que um empreendedor ou uma empresa não necessariamente precisam elaborar planejamentos para atingir determinados resultados e, mesmo assim, ficarei com dúvidas se isso realmente é verdade.
O que são planejamentos senão a formalização de estudos, de ideias, de análise de mudanças conjunturais, de descoberta de novas oportunidades, de mensuração de resultados e/ou de objetivos e sonhos traçados? Todo empreendedor trabalha com essas questões. Esforçam-se para que estas virem realidade e sejam aproveitadas de uma melhor maneira em seu empreendimento. Está certo que nem todos chegam a formalizá-las em um documento tangível. Passam a vida inteira confiando apenas na sua memória e na sua capacidade de estabelecer focos e prioridades momentâneas. Mas todos, sem exceção, realizam algum tipo de planejamento. Se este não sai de sua cabeça para um papel ou para um software é outra discussão.
O que eu quero chamar atenção é que, desde os primórdios, o ser humano, figura central de toda cultura empreendedora, planeja. Em todas as suas conquistas e inventos, algum tipo de planejamento foi realizado. Se no passado o homem sempre precisou elaborar, o que ele seria hoje, então, sem nenhum tipo de plano?
Vejo alguns autores de livros ou de artigos escreverem que um plano de negócio ou um planejamento estratégico pode tornar a empresa mais burocrática, menos flexível ou presa a um papel e que, por isso, acham que essas preparações são na verdade uma perda de tempo, que podem não servir para nada. Será que isso é verdade? Todo planejamento é responsável por tornar a empresa mais lenta em suas decisões?
Em minha opinião, organizar é uma ação inerente a todos. Mesmo sem querer, realizamos diversos planos ao longo da vida. Além disso, toda elaboração tem como característica ser um instrumento vivo e, por conta disso, está sempre em processo de atualização. Então, tentem responder se planejamento é um ato burocrático ou estratégico. É algo necessário ou um luxo? É modismo ou exigência? Torna a empresa mais rápida ou mais lenta?
Alguns futurólogos acreditam que os próximos cinco anos serão mais transformadores e terão mais novidades que os últimos trinta anos. Muitas coisas que existem hoje não existirão mais. Muitas coisas que ainda não existem passarão a existir. Essas mudanças não virão apenas por meio material, como, por exemplo, a inserção de novos produtos no mercado. Comportamentos, atitudes e hábitos dos consumidores e dos empreendedores também farão parte dessa mudança.
Feita essa análise e essa constatação, como poderemos viver num mundo onde a única certeza é que tudo vai mudar? Sem planejamento, acho difícil.
A resposta passa muito mais por esta análise: somos seres mais complexos, vivendo num mundo mais complexo, com mudanças mais complexas, mas com necessidades de realizar planos menos complexos. De início, parece um paradoxo. Se tudo está num nível de complexidade alta, por que, então, temos que realizar planejamentos menos complexos? Se alguém pensou que é porque temos que reagir de forma mais ágil, posso considerar válida a resposta, mas não completa. Diria que, quanto mais eu entendo o ritmo e a complexidade dessas mudanças, mais realizarei planos objetivos e certeiros.
Portanto, para os neófitos no mundo dos negócios que acham que a solução hoje para empreender é esquecer a existência da ferramenta plano de negócio, por exemplo, ou para os veteranos que acham que ficar planejando é perda de tempo, porque sempre tiveram sucesso sem usar essa ação, venho informar que planejar não é escrever ou realizar cálculos. Isso é a casca de qualquer planejamento, não importa o seu formato. A essência (o que realmente importa) está relacionada ao ato de pensar, observar e analisar. Isso, tenho certeza, nunca deveremos deixar de fazer.