Tupi à deriva
Candidatos à presidência do Tupi, José Luiz Mauler Júnior, o Juninho, e Cloves Moura Santos sabiam, desde o início do pleito, no último sábado (5), quem teria a maioria após a apuração da Comissão de Fiscalização Eleitoral (Cofel). Cada um com as suas razões para tal. Cloves, inclusive, a exemplo dos correligionários de arquibancada – impedidos de entrar, uma vez que não eram associados -, deixou a Sede Social, na Rua Calil Ahouagi, antes da apuração. Juninho, por sua vez, acompanhou a contagem de votos de dentro da quadra poliesportiva. Às 17h30, vitória confirmada, apenas a saber por qual margem, o ex-presidente acenava aos sócios localizados próximo ao bar. Um jogou com os sócios-proprietários; outro, com os sócios de arquibancada.
O pleito, que, certamente, foi um pesadelo para Cloves, mas um sonho para Juninho, pode ter sido um ensaio; uma figuração mal acabada, diga-se. O Tupi vive em uma dimensão onírica há algum tempo. Há tanto sarcasmo como deboche. Cinismo, inclusive. Perdeu-se o decoro em manter qualquer relação razoável com o torcedor. Não se faz questão de buscar explicações. Corriam, em paralelo, a eleição para a diretoria executiva e o Conselho Deliberativo e a campanha da categoria sub-20 no Campeonato Mineiro. Ao passo que este era o desejo, aquele, a melancolia. Por ironia do destino, ambos terminariam na mesma data, não fosse a judicialização do pleito na Vara Cível de Juiz de Fora.
Se agora o Tupi está em compasso de espera por ordem judicial, antes estava por força própria. Fechado em si mesmo. Em vias de iniciar o planejamento para 2020, não se sabe qual o presidente para o triênio 2020-2022. Não se sabe, aliás, se o calendário chegará ao segundo semestre neste período. Não se sabe, por fim, inclusive, se os garotos responsáveis pelo oásis de dignidade vestirão alvinegro, pois nem ao Tupi pertencem. Pesadelos e sonhos se confundem em um espiral agoniante. Em um período no qual a tradição pouco dá, o Tupi pode estar fadado às paredes de um clube social, voltado aos poucos associados.
Diante do marasmo, Cloves e Juninho naturalmente radicalizaram as campanhas. Cloves voltou-se para fora; Juninho, para dentro. Por isso, estão longe de ser unanimidade. Ambos, entretanto, ligam-se pelos Fortuna. Se Cloves fora vice-presidente de futebol no primeiro mandato de Myriam Fortuna, Juninho foi o braço direito, no segundo, nos conselhos Consultivo e Deliberativo. Qualquer um que assumir a cadeira terá contas a prestar aos carijós mais puristas. Enquanto isso, o Tupi está à deriva. E não há quaisquer sinais de socorro.