Do 7 a 1 ao 171
Nós, viciados em futebol, quando acordamos no sábado, já esquematizamos o final de semana de acordo com as partidas dos nossos times ou dos rivais que vamos secar. No último final de semana não foi diferente, quando acordei e já lembrei que às 16h tinha o Tupi no radinho – na minha escala, o jogo mais importante do dia. Depois das 18h não tinha nada marcado, quem sabe uma partida do Brasileiro às 21h na telinha. Liguei o computador só para ver a tabela e organizar “meus jogos”. Quando entrei no site de esportes, me lembrei de um detalhe: tinha jogo da Seleção contra o Paraguai na Copa América.
Na minha infância, jogo da Seleção era do mesmo nível da chegada do homem à lua, um evento do século, talvez porque reunia do meu pai à minha avó em torno da televisão. Uma semana antes já esperava aquele amistoso contra a Tchecoslováquia como a atração do mês. Se tivesse propaganda do Zico, tomando refrigerante com um guri na escada do vestiário do Maracanã, era mais emocionante. Na cabeça eu já escalava os 11 canarinhos que entrariam em campo após o comercial. A Seleção me cativava, alegrava e entristecia nas derrotas.
Hoje, dos escolhidos do Dunga, desafio qualquer fanático a escalar o Brasil, do goleiro ao saudoso ponta-esquerda, sem tropeçar… nos volantes. Dentro e fora das quatro linhas não me recordo de um momento de descrença como este. Pela manhã, no Calçadão, não vi uma amarelinha desfilando entre as camisas do Barcelona. Durante o jogo, não escutei foguetes, nem aquele famoso frisson na hora do gol. Até as recentes finais dos desmerecidos estaduais tiveram mais ibope. Talvez culpa do 7 a 1, talvez da moçada do 171.