Nós vencemos

Por JÚLIO BLACK

Oi, gente.

Gostaria de dedicar a coluna desta semana a quem tem mais de 30 anos de idade, que desde a infância ou adolescência consumia quadrinhos de super-heróis, seriados, desenhos, jogos (de computador ou tabuleiro), que é trekker ou não mas, aos olhos dos outros, sempre foi chamado de nerd. E que realmente é um nerd, mesmo que não saiba ou tente renegar ou tenha orgulho do que é. Eu mesmo, apesar de passar a maior parte de minha vida nesse universo, sempre tive minhas dúvidas se integrava ou não a “comunidade” nerd.

Mas a verdade é que sou, sim, um nerd, assim como tantos amigos, conhecidos e desconhecidos, mesmo com a minha “falta de fé”. Por sorte, séries como a do Demolidor ou o novo filme dos Vingadores lembram qual é o meu lugar no mundo. E estar em uma sala de cinema lotada com gente curtindo as aventuras de alguns dos nossos heróis favoritos – como aconteceu na última semana – apenas reforça uma verdade irrefutável que Wally, um grande amigo, ouviu muitos anos atrás, ao sair de uma sessão do primeiro filme dos X-Men: nós vencemos.

Sim, meus caros, nós vencemos. Não importa se a indústria do entretenimento eventualmente estrague nossos heróis com filmes ou séries ruins, o fato é que hoje eles fazem parte não só da cultura pop, mas também da cultura de massa – muitas vezes com toda justiça. Joss Whedon não é Bergman, Fellini, Kieslowski ou Coppola, mas ele consegue entregar com os Vingadores uma bela história de ação, com heróis carismáticos que promovem empatia com o público, dosando os momentos de tensão com humor, honrando os fãs e não duvidando da inteligência de quem nunca leu quadrinhos na vida. Pense bem: quantas crianças, hoje, querem ser o Homem de Ferro? Quantas festas infantis por aí têm o Capitão América como tema? Pena que a Warner, dona da DC Comics, não tenha até hoje aprendido com a Marvel e coma o pão que o diabo amassou para criar a Liga da Justiça. Mas essa é outra história.

O importante é que você, amigo ou amiga nerd, venceu. Você, que nos anos 80 ou 90, era o único da sua turma – até mesmo da escola – que esperava pela chegada da “Superaventuras Marvel” nas bancas, que comemorou ao saber que os X-Men teriam revista própria no Brasil. Era a solitária pessoa que sabia que John Byrne era o sujeito por trás da Tropa Alfa e Quarteto Fantástico, que Walt Simonson levou Thor ao Ragnarok, viu Frank Miller criar “O Cavaleiro das Trevas” e usar o Rei do Crime para destruir a vida do Demolidor e teve um nó na garganta com a saga da Fênix Negra. Mesmo quando o desenho dos X-Men chegou à TV, 20 anos atrás, era difícil imaginar que poderíamos dizer, hoje, que nunca foi tão bom ser um nerd.

É verdade, leitores e leitoras: nunca foi tão bom ser um nerd. E sim, amigos, nós somos nerds. E nós vencemos. E devemos ter orgulho disso.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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