Empreendedora Social transforma solidariedade em autonomia com o Instituto Entre Irmãos
Zilma Rodrigues aposta na capacitação e geração de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade e inspira um novo modelo de transformação em Juiz de Fora

Zilma Rodrigues nunca parou de querer ajudar o próximo. Nem mesmo quando a pandemia desacelerou o mundo, suspendeu atividades e paralisou instituições. Com um coração inquieto e uma missão clara, ela seguiu adiante — e hoje está à frente do Instituto Entre Irmãos, um projeto que capacita e gera renda para famílias em situação de vulnerabilidade em Juiz de Fora.
Com mais de 20 anos de atuação social — passando por trabalhos com pessoas em situação de rua, comunidades carentes, hospitais e ações emergenciais — Zilma sempre carregou o desejo de fazer a diferença. Mas foi no auge da crise sanitária do covid que esse propósito tomou uma nova forma. “As doações começaram a chegar, em grande quantidade, e eu fui direcionando para onde era preciso. A coisa cresceu tanto que não cabia mais dentro da minha casa”, relembra.

Nascia, então, o projeto Entre Irmãos. A ideia inicial era chamá-lo de IDE, mas por não ter vínculos religiosos nem políticos, o nome mudou após Zilma encontrar uma frase marcante: “O trabalho de Jesus só se confirma nesta terra se estivermos entre irmãos.”
Do assistencialismo à autonomia
Apesar de já ter ampla experiência na área social, Zilma decidiu que o Instituto não seria apenas mais um braço assistencialista. Segundo ela, entregar cestas básicas é um recurso emergencial — mas não é o caminho da transformação.
“Assistencialismo é ponte, não é caminho. O que dignifica o ser humano é o trabalho. É a educação, é a geração de renda. Foi aí que começamos a oferecer cursos.”
O primeiro passo foi montar uma turma de cuidadores de idosos. Depois vieram capacitações em estética, oportunidades para jovens e, atualmente, costura.
Zilma percebeu que a costura, antes vista como subemprego, havia se transformado em trabalho valorizado e artesanal — com alta demanda e pouca mão de obra. Com duas máquinas doadas, nasceu o primeiro ateliê do Instituto.
“A gente começou com sobras de tecido. As mulheres aprenderam costura criativa, começaram a vender, passaram a ser remuneradas e a sonhar com seus próprios negócios.”



Hoje, o Instituto conta com uma coordenadora de costura criativa, aulas semanais e um coletivo social que atende empresas como a Baldi e a Chico Rei. Duas ex-alunas já atuam como artesãs no Mercado Municipal. A autonomia das mulheres é o principal pilar da instituição. “Nosso foco é que as mulheres conquistem sua independência e sintam que pertencem. Aqui, elas reencontram o valor que o mundo tirou delas.”
Zilma explica que muitas das mulheres atendidas chegam emocionalmente fragilizadas, desacreditadas de si mesmas. Por isso, além da capacitação, o Instituto oferece um espaço de acolhimento e convivência. “Muitas estão aqui não só pelo trabalho, mas pela convivência. Pela escuta. Pelo afeto.”
Novos cursos e um brechó que sustenta sonhos
O Instituto se prepara agora para abrir uma nova capacitação voltada para o setor de limpeza profissional e organização — tanto em residências quanto em hotéis e pousadas. A formação, voltada principalmente para mulheres, é mais uma porta para o mercado formal de trabalho.
Para manter o Instituto Entre Irmãos em pleno funcionamento, o bazar solidário desempenha um papel essencial. Com roupas doadas, cuidadosamente lavadas e selecionadas, o bazar não apenas gera renda para sustentar as atividades do projeto, como também abastece outras iniciativas sociais parceiras. Hoje, graças a esse trabalho e à rede de solidariedade construída, o Instituto já impacta direta e indiretamente moradores de mais de 25 bairros de Juiz de Fora.
A sustentabilidade da iniciativa é fortalecida por parcerias estratégicas com instituições que compartilham o compromisso com a transformação social. Credenciado junto ao Sesi, ao Senac e ao programa Mesa Brasil, o Instituto Entre Irmãos conta com esses aliados na promoção da cidadania e na capacitação profissional de mulheres em situação de vulnerabilidade. Por meio das doações recebidas, não apenas mantém suas ações ativas, mas também repassa recursos e insumos a outras instituições sociais da cidade, ampliando o alcance do impacto.
Somam-se a esse esforço o apoio de empresas que acreditam no valor da inclusão e do desenvolvimento humano, como Nexa, U&M, Baldi, Chico Rei, Rede Cidadã e empreendimentos associados ao BNI – Manchester, Máximo, Evo – além da Câmara da Mulher Empreendedora, Só Delas e da Plenarius. Essas parcerias garantem mais do que recursos: trazem legitimidade, credibilidade e novas oportunidades para expandir a missão do Instituto.
“Nosso lema é dividir para multiplicar. Nada aqui fica parado. O que não usamos, repassamos para outras iniciativas comprometidas com a transformação social”, reforça Zilma Rodrigues, fundadora do Instituto.
Conheça mais em: @inst.entreirmaos