Minas pode sofrer impactos da decisão de Trump sobre importação de aço e alumínio
Fiemg diz que acompanha com atenção os desdobramentos da implantação de novas taxas tarifárias
Considerado um dos principais exportadores de produtos siderúrgicos, Minas Gerais poderá sofrer impactos econômicos por conta da nova taxa sobre importações de aço e alumínio para os Estados Unidos. Na última segunda-feira (10), o presidente Donald Trump assinou proclamações que elevam para 25% a cobrança para Brasil, México, Canadá e outros países. Até então, o percentual cobrado para os exportadores brasileiros era de 10%.
A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) informou que acompanha com atenção os desdobramentos da decisão. Em nota, o presidente da entidade, Flávio Roscoe, disse ter a expectativa de que o Brasil obtenha uma vantagem competitiva, “uma vez que a indústria brasileira complementa a americana”.
“Grande parte das nossas exportações são de produtos semielaborados, que passam por processos de industrialização em empresas norte-americanas, muitas delas coligadas à companhias brasileiras. Isso pode ser um fator favorável para que o Brasil não saia machucado dessa situação”, afirma no texto.
Mercado nacional
Na terça-feira (11), o Instituto Aço Brasil (IAB) – que representa fabricantes de aço brasileiras – defendeu o restabelecimento do acordo firmado em 2018 entre Brasil e EUA, quando os governos negociaram o estabelecimento de cotas de exportação para o mercado norte-americano de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e placas e de 687 mil toneladas de laminados.
“O Instituto Aço Brasil e empresas associadas estão confiantes na abertura de diálogo entre os governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e por entender que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, informou em nota.
A Associação Brasileira do Alumínio (Abal), que representa as fabricantes brasileiras do produto, também manifestou preocupação com os impactos da decisão. A entidade ressalta que ainda não tem clareza se a nova tarifa substituirá a sobretaxa já existente de 10% ou se será adicionada a ela, resultando em um total de 35%.
De acordo com a Abal, os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos, primeiramente, nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros ao mercado estadunidense.
“Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa”, explica a entidade, em nota.
A Abal enfatiza que, além dos impactos na balança comercial, poderão ocorrer efeitos indiretos associados ao aumento da “exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal”.