Câncer e maternidade: uma conversa necessária sobre fertilidade e esperança

“Cada mulher que enfrenta essa jornada deve saber que não caminha sozinha e que cada passo dado em direção à recuperação é também um passo em direção à realização de seus sonhos de família.”


Por Cláudia Navarro, Especialista em Reprodução Assistida

15/08/2024 às 06h00

“Sem saltos para a imaginação, ou sonhar, perdemos a excitação das possibilidades. Sonhar, afinal, é uma forma de planejamento.” A jornalista Gloria Steinem capturou, com essas palavras, a essência do que muitas mulheres enfrentam ao serem diagnosticadas com câncer. Além dos desafios imediatos, muitas se deparam com a preocupação adicional de como o tratamento poderá afetar a capacidade de realizar o sonho de ser mãe. Nesse contexto, a fertilidade transcende uma mera questão médica; ela é uma aspiração profundamente enraizada no projeto de vida de muitas pacientes. Sonhos que permanecem vivos alimentam a força para enfrentar o tratamento com otimismo.

A quimioterapia, um avanço vital na luta contra o câncer, pode impactar a fertilidade. A infertilidade não é uma certeza, dependendo da idade, tipo de câncer e tratamento aplicado. Antes do início da quimioterapia, discutir a criopreservação de óvulos pode oferecer às mulheres uma chance de manter viva a esperança de maternidade. Esse ato não só protege a possibilidade de ter filhos no futuro, mas também respeita a autonomia das pacientes em um momento de grande vulnerabilidade.

Além da criopreservação, estratégias farmacológicas podem ser usadas para tentar proteger os ovários durante o tratamento. Essas medidas, embora não garantam total segurança, são avanços importantes para oferecer esperança. Após o tratamento, a fertilização in vitro, com óvulos congelados ou doados e a gestação de substituição, são opções viáveis para realizar o sonho da maternidade.

Nos momentos de incerteza, somos chamados a ser mais do que médicos; somos guardiões de sonhos e facilitadores de futuros possíveis. Cada mulher que enfrenta essa jornada deve saber que não caminha sozinha e que cada passo dado em direção à recuperação é também um passo em direção à realização de seus sonhos de família.

A você, que lê este artigo e talvez compartilhe desses desafios, quero deixar um convite para sonhar e planejar. Lembre-se de que, mesmo nos momentos mais desafiadores, existem caminhos de esperança e novos começos. A vida, com todas as suas surpresas e reviravoltas, ainda está à sua espera, cheia de promessas e beleza. Continuemos a caminhar juntos, abraçando cada nova oportunidade para celebrar a vida em sua plenitude.

Esse espaço é para a livre circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 30 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.