Jiló do Antônio: aprenda receita do petisco que se tornou clássico juiz-forano
Bar do Antônio é um negócio que passou de pai para os filhos e, hoje, leva o rosto e o nome do patriarca da família
Antônio Vireque tem os olhos marejados constantemente. Basta relembrar como decidiu largar tudo para construir seu bar que as lágrimas chegam. Isso já tem mais de 30 anos e, quando conta, parece que foi ontem. Na garagem de sua casa, na Rua José Lourenço, ele montou um negócio que ao mesmo tempo que era bar, era mercearia. Foi o que deu naquele momento em que ele pensava, principalmente, no futuro, porque a lida ali, entre o que precisa fazer para o bar e a cozinha, junto com sua esposa e seus dois filhos, não era fácil. E é por isso que ele chora: quando entende que passou.
O negócio mudou de lugar: foi para um loteamento três casas acima, na mesma rua. Cada vez com mais cara de boteco, os destaques passaram a ser o que cozinhava no lugar que era conhecido como Bar da Grade. Era costela, peito de boi, torresmo – tudo com um sabor que chamava atenção. E seus dois filhos ali, vendo tudo. Marco e Tatiane Vireque cresceram, realmente, atrás do balcão: assistindo a rotina do pai e da mãe e também ajudando e aprendendo.
“A gente cresceu dentro do bar, em uma rotina diferente dos nossos amigos. Era noturno. A gente viu como as coisas eram feitas. Minha mãe também era muito didática, ensinava sobre a gestão. E a gente cresceu assim”, relembra Marco. Foram anos consecutivos dessa forma. Até que Antônio decidiu dar uma pausa. As coisas não iam tão bem, e o lugar acabou sendo arrendado para um terceiro. Foram dois anos de pausa, de filhos e Antônio em um outro caminho.
“Meu pai já estava para aposentar. Tudo ia tranquilo. Mas a pessoa que arrendava o espaço acabou saindo e aqui ficou fechado por um tempo. A gente passava, olhava, e dava um vazio muito grande na gente”, conta Tatiane. Marco sentia esse vazio também, e, com o mesmo desejo do pai de ter um negócio próprio, sugeriu à irmã reabrir o bar com uma nova roupagem, com os dois de sócio e o pai no lugar onde gosta mesmo de estar: na cozinha.
A princípio, Tatiane ficou receosa, mas logo topou. “Depois, eu entendi que aqui era um sonho dele e que se tornou nosso. É o que a gente ama e sabe fazer.” Naquele mesmo lugar onde Antônio tinha seu bar, Marco e Tatiane se juntaram para abrir um negócio que não tinha como ter outro nome nem outra cara: o Bar do Antônio, com direito à caricatura com o rosto do patriarca e tudo. “Ele é a razão e a cara do negócio”, resume o filho.
Para abrir, eles entenderam que tinham que ter um prato que marcasse esse retorno, e foi nisso que Antônio dedicou boa parte de seu tempo. A ideia era pensar em uma receita de jiló diferente. “Isso me fez ficar careca”, brinca Antônio, que conta ter ficado anos pensando nessa receita. “Meia-noite, eu ainda estava na cozinha, todo mundo experimentava.” A base era uma receita de família, mas ele foi incrementando novas ideias até ficar do jeito que queria.
Criação do jiló
O jiló do Antônio surgiu junto com o bar de cara nova e, em 2022, depois de um período em que eles atuaram principalmente através do delivery, por causa da pandemia. O prato participou do Comida di Buteco e bateu um recorde de vendas no concurso. Em 20 dias, foram 2700 porções de jiló vendidas. Até hoje é um dos pedidos na casa e, praticamente, virou um clássico juiz-forano.
Não é qualquer jiló: ele é empanado em um queijo canastra que deixa o petisco ainda mais crocante. E tudo é feito na mão: nada de ralador industrial porque não dá certo, adverte Antônio. Ele ainda hoje toma conta da cozinha do Bar do Antônio e é o responsável pelo cardápio novo que vai estrear em breve na casa. Para a Receita de Família deste domingo Dia dos Pais, eles escolheram ensinar o passo a passo do Jiló do Antônio que é também uma forma de contar essa história que nasce de pai para os filhos.
“A pedra fundamental é o meu pai. A partir da coragem dele mesmo de se aventurar em seu próprio negócio”, afirma Marco. Emocionado, Antônio fala como é ter seu nome e seu rosto estampados no bar. “É um sonho. É muito bom ter isso. É minha placa, minha caricatura, é muito gratificante.” E o filho segue: “Tudo o que ele plantou, está colhendo agora. E tem plantado mais ainda”.
Jiló do Antônio
Ingredientes
150g de jiló ( 15 pétalas)
15g de pasta de alho
100g farinha de trigo
200ml de leite
300g parmesão ralado
Modo de preparo
Tempere as pétalas de jiló com pasta de alho. Em seguida, passe na farinha de trigo, leite e no parmesão. Frite as pétalas em óleo de algodão bem quente. Monte em um prato e adorne com catupiry e pimenta biquinho a gosto.