Motoboys planejam paralisação em protesto a blitze realizadas pela PM
Categoria alega que fiscalização para coibir “rolezinhos” não tem critérios e atrapalha serviço de entrega
Em resposta à blitz realizada pela Polícia Militar (PM) para coibir a prática de “rolezinhos”, os motoboys de Juiz de Fora planejam paralisação com início no sábado (30), podendo se estender até segunda-feira (1º). Nesta quinta-feira (28), os militares realizaram abordagem na Avenida Rio Branco e na Rua Santo Antônio. Os motoboys, no entanto, reclamam que a fiscalização “sem critérios” atrapalha a rotina dos que precisam de agilidade para realizar entregas.
O secretário da Associação dos Motoboys, Motogirls e Entregadores de Juiz de Fora (AMMEJUF), Nicolas Souza Santos, confirmou a paralisação à Tribuna. De acordo com ele, o movimento surgiu de forma espontânea por parte dos entregadores. “É mais uma questão de matemática, não é uma questão essencialmente política. A gente simplesmente não quer perder a moto.” Ele conta que há relatos de entregadores que tiveram a moto apreendida sem saber ao certo a motivação. “Ele teve a moto apreendida por causa de um negócio de motor que ele não soube explicar qual era o grande problema. Depois disso todo mundo fica: e agora? Se eu estiver nessa situação também? Se for para sair para poder perder a moto, então não sai.”
Conforme aponta, no grupo em que a paralisação está sendo organizada existem mais de 500 entregadores e boa parte deles pretende ficar em casa nos próximos dias. Isso porque, na avaliação da categoria, em cada abordagem os policiais fiscalizam algo diferente. “Se eles forem olhar tudo mesmo, todas as resoluções do Contran (Conselho Nacional de Trânsito), como faixa refletiva em capacete, por exemplo, aí que nenhum motoboy sai. Não existe hoje em Juiz de Fora praticamente nenhum motoboy que esteja 100% regular. Porque é caro, difícil, burocrático e quase inacessível conseguir regularizar completamente. (…) O prejuízo de perder a moto é muito grande. A gente prefere o prejuízo de não ganhar o dia.”
Ele ainda diz que as pessoas envolvidas no “rolezinho de Natal” já estão com data e horário para realizar um novo no dia 31 de dezembro. “Ou seja, essa fiscalização não está afetando quem justifica esse tipo de ação e sim quem não estava envolvido e usa a moto para trabalhar.”
A Tribuna entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda posicionamento da corporação. Entretanto, em nota emitida na quinta, a PM afirmou que não há motivos para reclamações, já que as medidas adotadas são voltadas para fiscalização de todos os condutores. A corporação disse, ainda, que tem critérios nas blitze e acrescenta que “aqueles que estão cumprindo a legislação de trânsito não têm como se prejudicar”, mas os que estão com veículo irregular ou conduzindo de forma contrária às normas responderão pelas infrações ou crimes previstos na legislação. “Aquele que está com tudo legalizado não sofrerá sanção.”
Apreensões e morte no ‘rolezinho de Natal’
A operação da PM é motivada por conta da ação que apreendeu 27 motocicletas e aplicou 76 autos lavrados de infração de trânsito (AITs) em Juiz de Fora, na madrugada de segunda-feira (25), dia de Natal, na operação chamada “Cavalo de aço”. As ocorrências foram registradas durante o chamado “Rolezinho de Natal”, prática em que motociclistas trafegam em alta velocidade causando muito barulho.
Segundo a corporação, ações para combater a direção perigosa através dos “rolezinhos” tem sido intensificadas, com blitz, abordagens fixas e itinerantes na cidade, região e no estado. Na madrugada de Natal, inclusive, o “rolezinho” terminou em tragédia na região. Em Matias Barbosa, cidade distante cerca de 20 quilômetros de Juiz de Fora, o motociclista inabilitado Guilherme Augusto do Nascimento, 22 anos, morreu baleado.