Espetáculo conta a história do Museu Mariano Procópio
“A espera do amanhã – teatro tridimensional” estreia nesta terça-feira; sessões têm entrada franca
Nesta terça-feira (18), às 18h30, no Museu Mariano Procópio, o espetáculo teatral em formato de vídeo “A espera do amanhã – teatro tridimensional” estreia com o objetivo de contar a história do Museu Mariano Procópio. Essa é uma produção do GTMG/Cia Tralha, com texto e direção de Alexandre Guttierrez, tendo como inspiração o trabalho de Natálio Luz em “Alfredo Ferreira Lage: o Mecenas de Juiz de Fora”. A segunda exibição ocorre na quinta-feira (20), às 19h30, no Teatro Paschoal Carlos Magno. As sessões têm entrada franca, com retirada de convites a partir, no Espaço Cidade, e a produção poderá ser acessada no YouTube do grupo às sextas-feiras, até o dia 22 de setembro.
O espetáculo foi feito através do patrocínio do Programa Cultural Murilo Mendes, pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e gerido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). A ideia do projeto está sendo desenvolvida desde 2020, quando o grupo foi contemplado, mas precisou passar por adaptações devido ao contexto da pandemia de Covid-19. “Em 2021, em função desse impulsionamento tecnológico que tivemos por conta da pandemia, surgiu o desejo de filmar o espetáculo e levar ele para o ambiente virtual, seguindo tendências que temos percebido na Europa e também na América do Sul. (…) Não se torna mais um espetáculo limitado ao público que viria presencialmente assistir, mas que pode ser mundialmente acessado”, conta Alexandre.
Para ele, é preciso que o ato de Alfredo Ferreira Lage, que ele considera “o maior mecenas que a cidade já teve”, seja mais conhecido pela população. Ele mesmo conheceu mais sobre a história através do trabalho de Luz, e desde então vem pensando em formas de continuar essa história. “A doação do museu e de todo o entorno é um ato de enorme grandeza para a época, e a cidade colhe frutos disso até hoje”, conta. O espetáculo acontece em um momento após o museu ser totalmente reaberto, fazendo com que o público também posa se conectar com as mais de 50 mil peças que estão no local. “Acredito que a história centenária do museu não foi abordada por nenhum grupo de teatro, e por isso essa dramaturgia se torna exclusiva para o momento. E culminou, ainda, com a reinauguração do museu, causando um protagonismo maior ainda maior”, diz.
O grupo fundado por Alexandre já tem mais de 29 anos de atuação, se dedicando especialmente à realização de um teatro mais sensorial, itinerante e andarilho. Como ele explica, o GTMG conta com uma linguagem bastante específica e que possibilita diversas interpretações, misturando também outros elementos artísticos, como a fotografia e as artes visuais. “As pessoas podem testemunhar o espetáculo como um ato. (…) Sendo assim, na nossa visão, o ato de doação do museu acaba sendo testemunhado também”, conta sobre o processo. Sendo assim, “A Espera do Amanhã” traz a possibilidade de viver uma narrativa pelo parque, culminando em uma encenação enigmática com os quadros vivos ali expostos. A história gira em torno justamente das obras ali expostas, e como passa a ser a relação delas com o local no qual vão ser guardadas.
Inspiração
Para Alexandre, uma coisa é clara. “Estamos dando continuidade à obra do Natálio, que faleceu durante a pandemia. O texto é muito inspirado no que ele fez”. O dramaturgo conheceu o amigo há mais de 20 anos, mas trabalharam juntos em 2009, quando Alexandre deu voz ao Alfredo Ferreira Lage no CD de radioteatro que estava sendo produzido por ele. Nesse sentido, percebeu que havia uma história ali que merecia ser mais explorada, e por isso quis se aprofundar mais. Dessa vez, com uma linguagem bem diferente, mas que promete levar os sete personagens-telas do teatro para uma leitura contemporânea em uma nova forma de expressão.
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Importância do museu
O desenvolvimento desse espetáculo busca valorizar o papel do Museu Mariano Procópio para a cidade, levando em conta toda a riqueza histórica e natural que o espaço traz. Alexandre ressalta, nesse sentido, que mais de 60% da população juiz-forana sequer visitaram o Museu, e mais de 70% desconhecem sua história, fazendo com que seja importante se debruçar sobre quem foi Alfredo Ferreira Lage e o que essa doação significou para a cidade. O acervo interno do museu, com quadros, roupas de D. Pedro II e estatuetas adquiridas por Alfredo Ferreira Lage no Brasil e no exterior, ajuda bastante a contar essa história. “A gente ter a possibilidade de levar nossos amigos e conhecidos para conhecer o museu, agora, amplia ainda mais as possibilidades do projeto”, diz.
Ele ressalta, ainda, que essa é uma peça teatral, e apesar de ser filmada, não se trata de um longa-metragem ou de cinema, já que é totalmente voltado para a linguagem teatral. Mas alerta, mesmo assim, que as pessoas podem se surpreender: “As pessoas podem esperar um filme-teatro muito diferente do que já viram, tanto pela importância da história quanto pela proposta estética do espetáculo. A doação do museu tem uma subjetividade por trás. (…) As obras ganham vida, e os atores foram pintados em uma visão expressionista como se fossem reproduções dos quadros que estão no museu”, diz.