PJF e Caixa sinalizam compromisso para regularizaĆ§Ć£o de terrenos ocupados
Recentemente, imĆ³veis chegaram a ser colocados Ć venda em site de leilƵes do banco estatal; anĆŗncios jĆ” forma retirados
Durante audiĆŖncia pĆŗblica realizada pela CĆ¢mara Municipal, nesta quinta-feira (18), representantes da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e da Caixa EconĆ“mica Federal (CEF) assumiram compromisso pĆŗblico de que irĆ£o trabalhar para equacionar a situaĆ§Ć£o de moradores de terrenos ocupados do antigo loteamento da FundaĆ§Ć£o Casa, no Bairro JK, Zona Sudeste da cidade. Segundo a CĆ¢mara, sĆ£o cerca de 77 mil metros quadrados ocupados por residĆŖncias familiares hĆ” pelo menos 30 anos. Recentemente, parte desses terrenos, que hoje pertencem Ć Caixa, foi colocada Ć venda em leilĆ£o aberto no site do banco, o que trouxe preocupaĆ§Ć£o para a comunidade, que jĆ” sofre com incertezas hĆ” algumas dĆ©cadas. A situaĆ§Ć£o tambĆ©m se estende para outras Ć”reas, como o Parque Burnier e o Jardim da Lua.
Convidado para o encontro, Luiz Gonzaga Guedes JĆŗnior, superintendente executivo de HabitaĆ§Ć£o do Sudeste de Minas Gerais da Caixa EconĆ“mica Federal, reforƧou que, desde a Ćŗltima sexta-feira, os imĆ³veis jĆ” foram retirados do site de leilƵes do banco e nĆ£o estĆ£o mais Ć venda. Gonzaga ainda relatou que o banco se reuniu com a Prefeitura na Ćŗltima segunda-feira e que nĆ£o hĆ” divergĆŖncias entre as partes na busca por uma soluĆ§Ć£o. “Nosso cuidado neste processo vai ser mĆ”ximo, com norte propositivo e resolutivo”, afirmou Gonzaga.
Procurador-geral do MunicĆpio, Marcus Motta Monteiro de Carvalho tambĆ©m sinalizou que a Prefeitura irĆ” trabalhar por um desfecho positivo, o que pode passar pela doaĆ§Ć£o dos terrenos ao municĆpio pela Caixa, para que, a partir de entĆ£o, seja feita a regularizaĆ§Ć£o dos imĆ³veis e dada a posse para os moradores. “Estamos todos caminhando no mesmo lado no sentido de resolver o problema. A Caixa continua com a posiĆ§Ć£o formal de fazer a doaĆ§Ć£o”, afirmou. Segundo ele, no momento, o cenĆ”rio mais provĆ”vel Ć© de que seja construĆdo um acordo com a Caixa para a doaĆ§Ć£o dos terrenos para o MunicĆpio, e concomitĆ¢ncia com o perdĆ£o de impostos vencidos relacionados aos imĆ³veis. Prazos, porĆ©m, nĆ£o foram tratados.
ImbrĆ³glio de 35 anos
A querela jĆ” se arrasta hĆ” dĆ©cadas e se estende, pelo menos, desde 1988. Os terrenos em questĆ£o foram incorporados pela FundaĆ§Ć£o Casa, para o desenvolvimento de polĆticas habitacionais, passando depois para o controle do ServiƧo Federal de HabitaĆ§Ć£o e Urbanismo e do Banco Nacional de HabitaĆ§Ć£o, atĆ© serem herdados pela Caixa na dĆ©cada de 1980, apĆ³s a extinĆ§Ć£o desses Ć³rgĆ£os. Desde entĆ£o, hĆ” conversas para a doaĆ§Ć£o dos terrenos ao MunicĆpio para regularizaĆ§Ć£o dos imĆ³veis, o que ainda nĆ£o aconteceu. A principal movimentaĆ§Ć£o talvez tenha acontecido em 2006, quando a PresidĆŖncia da Caixa chegou a emitir uma resoluĆ§Ć£o reforƧando tal objetivo, mas, mais de uma dĆ©cada e meia depois, a situaĆ§Ć£o segue sem soluĆ§Ć£o.
Vereador defende criaĆ§Ć£o de comissĆ£o especial para acompanhar processos
Assim como outros vereadores, Marlon Siqueira (PP) se disse satisfeito ao final da audiĆŖncia, principalmente com relaĆ§Ć£o ao posicionamento dos representantes da Caixa e da PJF para avanƧar nos trĆ¢mites burocrĆ”ticos para a doaĆ§Ć£o e a regularizaĆ§Ć£o dos terrenos. Marlon ainda defendeu a criaĆ§Ć£o de uma comissĆ£o especial na CĆ¢mara para acompanhar os trabalhos desenvolvidos no Ć¢mbito do programa de RegularizaĆ§Ć£o FundiĆ”ria Urbana, o Reurb, no Ć¢mbito municipal. Para alĆ©m dos compromissos firmados pelo MunicĆpio e pelo banco estatal, o parlamentar tambĆ©m mostrou preocupaĆ§Ć£o com a regularizaĆ§Ć£o cartorial dos terrenos, disponibilizando-se a, inclusive, destinar recursos de emendas parlamentares para equacionar a situaĆ§Ć£o se necessĆ”rio.
O vereador MaurĆcio Delgado (UniĆ£o) externou ainda preocupaĆ§Ć£o com a suposta venda de um terreno, onde estĆ£o construĆdas trĆŖs residĆŖncias, enquanto os imĆ³veis estavam disponĆveis no site da Caixa. O representante do banco estatal considerou a situaĆ§Ć£o especial e disse que manterĆ” o “foco pela melhor soluĆ§Ć£o”. JĆ” o procurador-geral do MunicĆpio afirmou que uma soluĆ§Ć£o para o caso pode passar por trĆŖs caminhos. O primeiro, se ainda for possĆvel, seria tentar reverter a possĆvel venda, se ele for, de fato, confirmada. Outro caminho seria por meio de uma aĆ§Ć£o de usucapiĆ£o proposta pelos ocupantes. Uma possĆvel desapropriaĆ§Ć£o do imĆ³vel pela Prefeitura com indenizaĆ§Ć£o do novo proprietĆ”rio nĆ£o estĆ” descartada.