Licitação para obras no Córrego Humaitá é adiada

Abertura dos envelopes aconteceria nesta quinta-feira, mas certame foi adiado por tempo indeterminado


Por Mariana Floriano

18/05/2023 às 09h09

A licitação para contratação da empresa que ficaria responsável pelas obras de transposição do Córrego Humaitá ao Rio Paraibuna foi adiada por tempo indeterminado. A abertura dos envelopes estava marcada para acontecer nesta quinta-feira (18), porém um aviso da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), publicado no último dia 28, deu conta do adiamento.

A Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Obras (SO), responsável pela licitação, para saber o motivo do adiamento e se existe uma nova data para retomada da concorrência. Conforme a assessoria da Prefeitura, o edital será republicado, mas ainda não há data para divulgação. O motivo do adiamento não foi repassado.

O projeto executivo aponta para a construção de um dique no Rio Paraibuna e uma elevatória da galeria sob a Avenida Brasil, propostas para controle de inundação do Córrego Humaitá, no Bairro Industrial. A região sofre historicamente com as cheias no período de chuva. Só na primeira quinzena do ano passado, o bairro foi alagado duas vezes, ocasionando a perda de móveis, eletrodomésticos e outros bens dos moradores, além de prejuízos à segurança da população, deixando pessoas ilhadas, dependendo de canoas para se locomover. Em janeiro de 2023, o alto volume de chuvas ocasionou o transbordamento do córrego, que alagou a Avenida Lúcio Bittencourt.

Após a contratação da empresa, as obras devem ser feitas em até 12 meses, com prazo de contrato de 18 meses, admitindo prorrogação. O valor estimado para a obra é de R$ 5.171.660,02, provenientes do acordo entre o Estado e a Vale, referente à reparação dos danos causados pela mineradora na região metropolitana de Belo Horizonte.

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Córrego Humaitá transborda com frequência no período das chuvas, causando transtornos e prejuízos à comunidade do Bairro Industrial há mais de 40 anos (Foto: Jéssica Pereira/Arquivo TM)

Intervenções

De acordo com o relatório técnico, os diques de contenção de cheias são estruturas que aumentam a capacidade hidráulica da calha do rio, evitando transbordamento para as margens. O documento aponta que os diques no Córrego Humaitá deverão ser implementados desde sua foz até a linha férrea. “O dique deverá ter cerca de 75 centímetros de altura, a partir da margem direita, por cerca de 800 metros de maneira a estar posicionado acima do nível de água simulado, para proteger o Bairro Industrial dos extravasamentos do Rio Paraibuna.”

Já a construção da ponte viria associada à implementação dos diques, como uma segunda alternativa de intervenção devido à restrições hidráulicas na foz do Córrego Humaitá. A ponte serviria para melhorar a galeria sob a Avenida Brasil. Em janeiro de 2022, o secretário de obras, Lincoln Santos Lima, resumiu os planos de transposição. Conforme ele, “em relação ao Córrego Humaitá, nós criaríamos uma comporta para quando o nível do Paraibuna chegar ao nível do Córrego Humaitá, essa comporta se fecharia e, em cima do Humaitá vamos construir uma grande elevatória que vai fazer a transposição da água do Humaitá para o Paraibuna.”

Enchentes há mais de 50 anos

Conforme o Plano de Drenagem de Juiz de Fora, publicado em 2011, a localização do Bairro Industrial, na Zona Norte, é uma área propensa a inundações. A situação se agravou ao longo do tempo em função da ocupação das áreas de várzea e contínua remoção da cobertura vegetal, que gera a impermeabilização do solo.

A Tribuna acompanha o problema desde sua fundação, há mais de 40 anos. Em março de 1982, o jornal noticiou, pela primeira vez, os estragos da chuva no Bairro Industrial. Na ocasião, houve registro de famílias que ficaram desabrigadas no local por conta das precipitações intensas na região. De lá para cá, de acordo com moradores, pelo menos uma vez por ano, as ruas são invadidas pelas águas.

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