Mudança na diretoria da Penitenciária Ariosvaldo está em fase de tramitação
Segundo a Sejusp, medida já estava prevista e não tem relação com ocorrência da última sexta, quando detento foi baleado por outro dentro de cela
A Polícia Civil investiga a tentativa de homicídio ocorrida dentro da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, na última sexta-feira (28), no Bairro Linhares, Zona Leste de Juiz de Fora. Após o crime violento, praticado com arma de fogo por um detento, de 28 anos, contra outro acautelado, de 39, estão sendo feitas alterações na diretoria do estabelecimento. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), entretanto, afirma que as modificações na direção de unidades prisionais fazem parte da gestão do Departamento Penitenciário (Depen-MG) e não possuem relação com a citada ocorrência. “A mudança já estava prevista e em fase de tramitação”, destacou, em nota.
O detento alvejado por um tiro na perna dentro de uma cela na galeria superior do pavilhão III, por volta das 15h30 de sexta, segue internado no HPS. De acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde, o paciente está sob cuidados médicos, “necessitando de segundo tempo de cirurgia”. O suspeito de disparar estaria distribuindo alimentação aos presos quando praticou o crime. A suposta arma usada na ação criminosa foi arremessada no pátio do pavilhão, apreendida e encaminhada à Perícia da Polícia Civil, que também realizou levantamentos na cela onde o homem foi baleado.
Conforme a Sejusp, a penitenciária abriu procedimento administrativo interno para apurar todas as circunstâncias do fato. “Por ora, novas informações não serão repassadas, por questões de segurança.”
A Tribuna questionou a secretaria sobre os materiais apreendidos durante as buscas realizadas no fim de semana nas celas da Ariosvaldo após a tentativa de assassinato, mas a pasta não detalhou as apreensões. “Os trabalhos de revista já foram concluídos na unidade. Participaram policiais penais do Comando de Operações Especiais (Cope), além dos grupamentos de Integração Rápida (GIR) e de Operações com Cães (GOC). No entanto, também por questões de segurança, detalhes não serão divulgados.”
A reportagem apurou que foram apreendidos diversos celulares e apetrechos afins, como baterias e carregadores; porções de drogas, como maconha e cocaína; além de suchos (armas artesanais pontiagudas ou cortantes) e serras.
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Medo de retaliação ronda policiais penais
A Sejusp acrescentou que as investigações criminais relacionadas à tentativa de homicídio dentro da Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires são de responsabilidade da Polícia Civil. A instituição informou que o caso está sendo apurado pelo Grupo de Resposta Rápida (GRR). A delegada Camila Miller realizou auto de prisão em flagrante contra o suspeito de 28 anos. “Exames periciais também foram solicitados pela autoridade policial”, complementou.
Ainda não foi divulgado como a arma de fogo usada no atentado teria ido parar nas mãos de um acautelado, o que tem levado temor a policiais penais que atuam na unidade, já que poderiam ocorrer retaliações entre os desafetos. Os rumores são de que o crime teria ligação com rivalidade entre facções criminosas, mas a Sejusp não quis comentar a suposta motivação do crime.
“A nossa revolta é que não serão transferidos os presos para unidade mais segura”, aponta um policial penal, se referindo a detentos de determinada facção, que estariam em uma cela única – a mesma onde um detento foi alvejado -, rodeada por outras celas ocupadas por rivais. Em nota encaminhada na sexta-feira, o Depen-MG ressaltou que não se trata de rebelião ou motim, sendo esse um caso isolado.