Como as especiarias foram decisivas para a história da humanidade e para colocar mais aromas e sabores nos pratos
Tema do Comida di Buteco deste ano, as especiarias foram utilizadas pelos estabelecimentos de formas variadas
Esta é a última semana para aproveitar a temporada do Comida di Buteco, que se encerra, em Juiz de Fora, neste domingo (30). Os 36 estabelecimentos participantes na cidade tiveram a missão de preparar um petisco que tivesse, em seus ingredientes, ervas ou especiarias. Independente de ser o componente principal ou estar entre os temperos do molho, por exemplo, elas deveriam estar presentes na receita do prato. Os bares puderam, então, aproveitar a deixa para pesquisar ainda mais sobre o gosto delas e, além disso, a importância delas na história da humanidade.
A comercialização das especiarias remete a um tanto de decisões históricas que moldaram o mundo. O comércio entre o Oriente e o Ocidente, por exemplo, foi se ampliando a partir do interesse da população da Europa Ocidental nas especiarias africanas, como o cravo e a canela, por exemplo. Nesta época, elas já serviam para realçar os sabores dos alimentos, mas também, como remédio para diversos males. O que se mantém ainda hoje. Por ter um preço extremamente caro, elas serviam, ainda, como moeda de troca.
Acredita-se que, inclusive, por causa da dificuldade em acessar essas rotas de comércio, em 1453, Portugal e Espanha, para contornar esse problema, organizaram uma expedição alternativa para contornar a África. Foi esse caminho que teria culminado na chegada à América. Isso acabou reduzindo os preços das especiarias que, com o tempo, se tornaram ainda mais populares. Ainda mais com a chegada, mais recentemente, da industrialização das especiarias.
As especiarias no dia a dia
Samara Candiá, nutricionista da Sr. A Granel, explica que ervas e especiarias, na verdade, não têm diferenciação. “Antigamente, a gente chamava as folhas de ervas e, o resto, especiarias. Mas isso veio mudando na mesma medida em que o uso delas foi se alterando na culinária no geral.” Ela cita um exemplo disso: “A erva-doce antes era usada apenas em doces, nos bolos e, hoje em dia, já é possível fazer chás”.
A nutricionista relaciona isso ao fato de que as pessoas estão, cada vez mais, descobrindo as especiarias e os temperos. Ainda mais com algumas misturas que vêm surgindo e possibilitando novos gostos. Mas o esforço, agora, se converte, principalmente, para sua popularização e, principalmente, para o uso das especiarias naturais. “No mercado, a gente encontra diversos temperos industrializados que, inclusive, vão na contramão dos benefícios vastos que essas especiarias oferecem. Porque os temperos naturais conseguem combater várias questões de maneira a ajudar o organismo, desde a melhora do sono à melhora do sistema imunológico.”
Para dar uma cara nova na comida do dia a dia, Samara sugere ir variando as especiarias usadas para ir descobrindo seus gostos e suas melhores combinações na cozinha. Mas a dica maior é ver os petiscos participantes do Comida di Buteco e entender seu uso para, quem sabe, replicá-lo em casa.
As protagonistas do Comida di Buteco
Por mais que o tema seja a verdadeira comida de boteco, as casas conseguiram trazer variedade de opções sempre incrementando as especiarias de alguma forma. Por exemplo: teve casa que cozeu a carne regada a um mix de especiarias ou fez uma marinada com elas, o que garante um sabor novo à peça. Mas talvez seu uso mais recorrente tenha sido mesmo nos acompanhamentos: vinagrete com ervas, molho com ervas, farofa… O que não falta é criatividade. Todos os pratos, com o que foi utilizado em cada um deles, estão no site da Tribuna. Lá está o cardápio inteiro para deixar livre a imaginação.