Bolsonaro discursa em culto religioso em Juiz de Fora
Bolsonaro participou da 43ª Assembleia Geral Extraordinária da Convenção Estadual das Assembleias de Deus Ministério de Madureira
O primeiro compromisso do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Juiz de Fora nesta sexta-feira (15), após a motociata com apoiadores, foi sua participação em um evento religioso. Bolsonaro esteve na 43ª Assembleia Geral Extraordinária da Convenção Estadual das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, que foi realizada no Centro Educacional e Social Betel, localizado na Avenida Barão do Rio Branco, próximo à Garganta do Dilermando, onde discursou e relembrou do evento que marcou a última campanha presidencial, quando, no dia 6 de setembro de 2018, foi esfaqueado por Adelio Bispo de Oliveira. O atentado aconteceu na esquina das ruas Halfeld e Batista de Oliveira.
No local, centenas de bolsonaristas chegaram acompanhando a comitiva do presidente, após percorrerem ruas da cidade. Outros já aguardavam o presidente desde as 9h, com camisas verde-amarelas, bandeiras e toalhas estampadas com a foto de Bolsonaro ou frases de apoio. O presidente chegou ao evento religioso após as 10h e permaneceu no local por quase duas horas. Também participaram da solenidade o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o Senador Carlos Viana (PL), além do deputado federal Charlles Evangelista (Progressistas) e da deputada estadual Sheila Oliveira (PL) e de outros parlamentares.
Por conta da movimentação, o trânsito no trecho da Avenida Rio Branco, na altura da Garganta do Dilermando, foi totalmente interrompido até por volta das 12h15. A segurança no local estava reforçada, com equipes das polícias Militar e Federal, do Exército, além da própria equipe de segurança do presidente.
Bolsonaro deixou o evento em um carro, mas abriu a porta e colocou o corpo para fora do veículo, com o intuito de acenar aos apoiadores. Apesar de não terem ocorrido incidentes no local, bolsonaristas ecoaram gritos contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido do Trabalhadores (PT), em resposta a manifestantes contrários a Bolsonaro que passavam pelo local.
Após a solenidade, Bolsonaro seguiu para visita à Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, também em evento fechado, local em que foi socorrido e operado após sofrer a facada, em setembro de 2018. No local, centenas de apoiadores também aguardavam o presidente.
Bolsonaro diz que ‘missão de governar o Brasil o manteve vivo após facada’
Durante o culto, Bolsonaro foi recebido por fiéis que ecoaram a frase “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, que se tornou lema do presidente durante a campanha presidencial em 2018, e iniciou seu discurso relembrando o episódio da facada naquele ano.
“Depois de quase quatro anos retorno a Juiz de Fora. A maioria dos médicos que me viu naquele estado (esfaqueado) diz que a cada cem pessoas que levasse uma facada igual aquela, apenas uma tinha a chance de sobreviver. Alguns acham que é sorte. Eu acho que que é a mão de Deus. Ou melhor, eu tenho certeza. Todos nós temos um ponto final, mas acho que certas coisas só Deus explica”, disse, relembrando do que tinha em mente à época. “Eu tinha que cumprir uma missão. Algo tocou em mim com a reeleição daquela senhora (Dilma Rousseff) e falei ‘temos que mudar o Brasil'”.
Bolsonaro ainda disse se lembrar “de todos os passos aquele dia”. Segundo ele, após o almoço, quando se dirigiu à Rua Halfeld e viu cerca de “30 mil pessoas” o aguardando, sentiu que deveria seguir e “continuar a missão” como vinha fazendo desde novembro de 2014, “quando começou andar pelo Brasil”. “Só me lembro que quando levei aquele baque na barriga e caí, mas eu queria continuar (a passeata). Achei que tinha levado um soco, falei para o segurança que queria continuar. Mas levantaram minha camisa, viram o buraco, entrei no carro e fui para Santa Casa. Só me lembro de alguém dizendo: vamos operá-lo. Depois disso, acordei no dia seguinte entrando num avião UTI. Acordei em São Paulo entrando num helicóptero da Polícia Militar, fui para o hospital Albert Einstein e acordei no dia seguinte. Aí começou meu calvário dentro do hospital”.
Em outro trecho do discurso, Bolsonaro ainda mencionou o fato de ter sobrevivido e o relacionou com a vitória nas eleições. Em dado momento, chegou a questionar a vitória somente no segundo turno. “Eu acho que ganhei no primeiro turno, mas deixa pra lá”, disse, completando. “Estou há três anos e meio sem um dia de paz, mas entendo que é uma missão. A Bíblia nos mostra que Salomão pediu sabedoria, eu peço mais: força para resistir. Essa primeira batalha de quatro anos, não há dúvidas, juntos, nós vencemos”.
Pandemia
Ainda durante o discurso, Bolsonaro chegou a falar das ações do Governo para enfrentamento da pandemia de Covid-19 e afirmou não ter se omitido na pandemia. “Qual presidente enfrentou o que eu já enfrentei? Três anos e meio de Governo, dois anos de pandemia, com a política do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois'”, disse.
Na ocasião, inclusive, Bolsonaro voltou a defender o uso de medicamentos como a hidroxicloroquina e ivermectina, que não possuem comprovação científica para tratar a Covid-19. “Tinha comprovação científica? Não tinha. E a vacina ano passado? Também não tinha. (…) A maioria dos remédios é descoberta por acaso. É um experimento, a gente tem que buscar uma alternativa”. Na avaliação do presidente, “o médico tem o dever, ao se deparar com um quadro que ninguém sabe qual o remédio, de buscar uma alternativa”.