JF tem apenas metade da população com cobertura da 3ª dose

Índice está abaixo da média estadual e chama atenção diante da disponibilidade de imunizantes


Por Carolina Leonel

23/06/2022 às 07h45- Atualizada 23/06/2022 às 07h48

Juiz de Fora observa um aumento do número de casos de Covid-19 ao longo das últimas semanas. Matérias recentes publicadas pela Tribuna mostram, com base nos dados da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), que o número de novas notificações mais que dobrou em uma semana e segue aumentando nos últimos dias. Paralelo a isso, a cidade não tem nem a metade de sua população – considerando a estimativa do IBGE para 2021 de 577.532 habitantes -, imunizada com a terceira dose da vacina.

Dados da Secretaria de Saúde da PJF apontam que, até a última terça-feira (21), apenas 49,96% da população receberam a terceira dose – também chamada de primeira dose de reforço. O índice, inclusive, está abaixo da média estadual, de 61,73%, segundo o Painel de Vacinação disponibilizado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O dado chama atenção, já que a terceira dose do imunizante está disponível para toda a população, exceto crianças com idades entre 5 e 11 anos. Na avaliação de especialistas, a cobertura ideal para maior segurança em relação à pandemia seria de 80% do primeiro reforço.

Tal índice foi alcançado pela cidade em relação à cobertura das primeira e segunda doses. Ainda segundo dados da PJF, o percentual de cobertura com a primeira dose da vacina é de 87,35%; com a segunda, é de 81,02%. Os percentuais aumentam ao se considerar a estimativa populacional do último censo, feito pelo IBGE em 2010 (517.872), 97,72% e 90,64%, respectivamente. Estes dados foram os utilizados pela Prefeitura durante a vigência do JF Viva, programa municipal que estabelecia regras e protocolos para o enfrentamento à pandemia na cidade. Já o percentual de cobertura da quarta dose, que até então estava liberada para a população com 50 anos ou mais, está em 12,48% na cidade – taxa também aquém da estadual (42%).

Para o médico infectologista Marcos Moura, a baixa cobertura da terceira dose pode ter relação com o relaxamento das pessoas, principalmente da população jovem, e com a queda dos índices da pandemia – o que pode levar à falsa sensação de segurança. “O grande problema em Juiz de Fora é a vacinação na população jovem. Muitos na faixa etária entre 12 e 24 anos, por exemplo, não tomaram nem a segunda dose. São pessoas que apesar de, em tese, não serem de grupo de risco, podem ficar doentes ou facilmente transmitir o vírus para pessoas vulneráveis, já que são a maior parte da população social e economicamente ativa, ou seja, circulam por toda a cidade e vão disseminando o vírus”.

Nesse sentido, o especialista enfatiza a necessidade de a pessoas manterem o esquema vacinal em dia. Apesar de o imunizante não impedir que a pessoas contraiam a Covid-19, a vacina ajuda a diminuir a gravidade da doença. Além disso, uma população adequadamente vacinada reduz a taxa de circulação do coronavírus, diminuindo, consequentemente, o surgimento de variantes mais virulentas.

“O que alguns estudos estão mostrando é que a imunidade começa a diminuir a partir do terceiro mês em que as pessoas recebem a dose. Então, a cada três meses, a pessoa pode ficar mais vulnerável à doença. Esse cenário muda conforme a pessoa é novamente vacinada, ou seja, recebe as doses de reforço. Isso vai afastando a possibilidade de reinfecção”, explica.

Em Juiz de Fora, as doses contra a doença estão disponíveis para a toda a população. Crianças com idades entre 5 e 11 anos recebem as primeiras e segundas doses. Adolescentes, adultos e idosos já recebem até a terceira dose. A população com idades a partir de 40 anos está apta a receber a quarta dose.

Vacinação em crianças

Os dados da Secretaria de Saúde da PJF ainda apontam, com base na estimativa populacional feita pela SES-MG de 44.197 mil habitantes, que a cobertura vacinal da primeira dose entre as crianças, com idades entre 5 e 11 anos, está em 78,09%. A segunda dose pediátrica já atingiu 54,09% da população infantil do município. Ambos os índices estão acima das médias estaduais – 69,43% e 35,06%, respectivamente. A terceira dose ainda não está liberada para crianças no Brasil.

Apesar de o índice em Juiz de Fora estar acima da média estadual, a cobertura vacinal ainda está aquém do esperado para este público, que tem os imunizantes disponibilizados desde janeiro. Na avaliação do infectologista Marcos Moura, ainda há receio por parte de pais e responsáveis em autorizarem a vacinação nos filhos. “Alguns pais não acham importante ou acham que não há riscos para as crianças. Outros acreditam que trarão efeitos adversos. Mas todos os estudos revelam que as taxas de efeitos adversos associadas à vacinação são extremamente baixas e não inviabiliza a imunização”, afirma.

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