Câmara vota pela continuidade do projeto de volta às aulas em JF

Veto da Comissão Legislativa é derrubado com 14 votos; movimento fez ato em frente ao Legislativo municipal


Por Mariana Floriano, estagiária sob supervisão das editoras Rafaela Carvalho e Fabíola Costa

20/04/2021 às 18h14- Atualizada 20/04/2021 às 21h56

Em votação na noite desta terça-feira (20), a Câmara deliberou pela rejeição da preliminar que vetava o Projeto de Lei (PL) que visa ao reconhecimento da educação como atividade essencial no município.

Na votação sobre o parecer de inconstitucionalidade do projeto, dado pela Comissão de Legislação e Justiça, a maioria dos vereadores decidiu pela continuidade da tramitação do PL na Casa. No total, os votos contrários à preliminar foram 14, com apenas três a favor e uma ausência justificada.

A despeito da decisão da Comissão de Legislação e Justiça, a Procuradoria Jurídica havia dado parecer pela constitucionalidade e legalidade do PL. Portanto, a votação desta noite discutiu a validade do parecer da Comissão de Legislação, tendo como resultado a sua derrubada.

Reunião da Câmara

A reunião da Câmara se iniciou com a leitura de uma correspondência enviada pelo Sindicato dos Professores de Juiz de Fora (Sinpro-JF), que se opõe ao PL 033/2021, que trata sobre o retorno às salas de aula, devido ao alto índice de ocupação de leitos de Covid-19 na cidade.

“Entendemos que a responsabilidade pela manutenção e garantia da vida deve ser vista como ação fundamental neste momento, a educação não pode se tornar, com a abertura de escolas, em retorno presencial às atividades, instrumento de reprodução indiscriminada ao vírus”, diz carta assinada pelo coordenador geral do Sinpro-JF, Luig Franco de Castro.

Iniciada a apreciação, foi feita a leitura dos pareceres da Comissão de Justiça, que por dois votos, vindos das vereadoras Cida Oliveira (PT), Laiz Perrut (PT), decretou a inconstitucionalidade da PL, em detrimento de um voto contra, do vereador Vagner de Oliveira (PSB).

Com o uso da palavra, Cida Oliveira reforçou sua argumentação na comissão legislativa. “A discussão não é sobre a essencialidade da educação, ela sempre foi essencial. Estamos abertos à discussão da volta às aulas, mas vivemos uma situação muito grave da pandemia, mais de três mil mortes por dia no Brasil. Dizer que nós, professores, não estamos trabalhando, não é verdadeiro. E as crianças estão estudando, mesmo com todas as dificuldades que já conhecemos. A educação não é um serviço, é um direito. Mas, no momento, precisamos defender o direito à vida em meio a crise sanitária que vivemos.”

O apoio à decisão da Comissão Legislativa seguiu sendo defendido pela vereadora Laiz Perrut (PT) e Talia Sobral (PSol).

Já o Sargento Mello, um dos autores do PL, foi o primeiro a defender a continuidade da tramitação, seguido do vereador Dr. Antônio Aguiar (DEM), que afirmou defender o projeto com base em questões técnicas. “Nos fundamentamos em trabalhos científicos, inclusive bem recentes, em que entendemos que a transmissibilidade da doença em crianças abaixo de dez anos tem um percentual muito pequeno.”

Outros vereadores manifestaram o apoio à continuidade da discussão através do uso da palavra, como o vereador Pardal (PSL), André Luiz (Republicanos), Nilton Militão (PSD) e João Wagner Antoniol (PSC). Em suas falas, pontos em comuns foram abordados, como a necessidade de vacinação dos professores e previsões de retorno concretas por parte da Prefeitura.

O líder do Governo na Câmara, Marlon Siqueira (Progressista), se manifestou dizendo que a secretária da educação, Nádia Ribas, já estaria trabalhando em protocolos para um retorno às salas de aula. “A Prefeitura não está estagnada.”

Ato em apoio a PL

O movimento Escolas Abertas realizou, na tarde desta terça, mais um ato a favor do retorno às aulas em Juiz de Fora. O protesto aconteceu em frente a Câmara Municipal e reuniu pais de alunos e apoiadores do projeto de lei que visa ao reconhecimento da educação como atividade essencial no município.

O grupo de manifestantes se reuniu para acompanhar a votação sobre parecer de inconstitucionalidade do projeto dado pela Comissão de Legislação.

manifestacao volta as aulas juiz de fora by fernando priamo
Carteiras escolares vazias foram colocadas no Parque Halfeld, próximo à Camara (Foto: Fernando Priamo)

De acordo com Maressa Souza, representante do movimento, o ato desta terça foi simbólico, com poucos participantes. “Devido ao momento de pandemia que estamos vivendo, não mobilizamos todo o contingente de apoiadores.” Carteiras escolares vazias que, segundo a representante, ilustram a tristeza das salas de aulas sem os estudantes durante o período pandêmico, também foram colocadas no local.

“Nós utilizamos os cartazes em todas as manifestações, pedindo que a educação seja tratada como essencial e que a ciência seja levada em conta, já que há uma série de pesquisas mostrando que a escola, seguindo os protocolos, é um local seguro. E pedindo que as autoridades acatem esse retorno no modelo híbrido facultativo.”

Flávia Machado, psicóloga e integrante do movimento Escolas Livres, disse à Tribuna que “o retorno às aulas é importantíssimo para que a sociedade tome conhecimento de quem são os representantes do Legislativo que tutelam a educação na cidade. Se educação não é essencial, o que será?”

Para ela, a situação é lamentável e insustentável. “O retorno será híbrido e facultativo, e, óbvio, seguro. Educação é prioridade. Hoje professores fingem que ensinam, e alunos fingem que aprendem.”

Tópicos: coronavírus

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