Com piora nos índices da Covid-19, JF regride à onda amarela
Decisão foi tomada pelo Comitê Municipal Covid-19 após reunião nesta quinta e passa a valer no próximo sábado
O Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 decidiu, na noite desta quinta-feira (12), que Juiz de Fora vai regredir para a onda amarela do Minas Consciente. A decisão foi tomada após a cidade apresentar piora nos índices epidemiológicos nas últimas duas semanas. De acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), um decreto que oficializa o retorno à onda mais restritiva e define quais mudanças deverão ser adotadas será publicado no Atos do Governo no próximo sábado (14). O Executivo, no entanto, não divulgou quais serão, na prática, as alterações de funcionamento dos setores produtivos.
A Prefeitura informou também que o prefeito Antônio Almas (PSDB) fará uma live, na próxima segunda-feira (16), em que explicará à população as mudanças a serem adotadas. Ainda conforme a PJF, a decisão sinaliza um alerta à população de que o cenário do coronavírus na cidade está piorando, e que as medidas de prevenção à Covid-19 devem continuar sendo adotadas. O uso de máscara continua sendo obrigatório, bem como o distanciamento físico e o uso de álcool em gel, entre outras medidas.
A Tribuna mostrou que, ao longo da última semana, a quantidade de novos casos diários e mortes por Covid-19, bem como o número de hospitalizações em decorrência da doença, vem aumentando gradualmente. Nesta quinta, cinco hospitais chegaram ao percentual de 100% de ocupação. Além disso, o boletim epidemiológico registrou 170 novos diagnósticos positivos em 24 horas. Este foi o terceiro dia em que a cidade registrou mais de cem casos em um único dia somente nesta semana.
Especialista alerta sobre aumento nas hospitalizações
Nos últimos dias, a Tribuna vem acompanhando a alta no número de pessoas hospitalizadas por Covid-19. Na terça eram 198 pessoas internadas, e na quarta, 208. Já nesta quinta, por volta das 19h, 210 moradores de Juiz de Fora estavam internados em decorrência do coronavírus, número que só não é maior que o registrado em 26 de setembro, quando 211 pessoas estavam internadas. O aumento gradual do número de internações e do número de casos diários confirmados, que foi maior que cem em três dias nesta semana, pode indicar aumento da proliferação do vírus.
Entrevistado pela Tribuna, o infectologista e chefe do setor de Gestão da Qualidade e Vigilância em Saúde do HU/UFJF, Rodrigo Daniel de Souza avalia que com o “afrouxamento das regras”, em razão da progressão de Juiz de Fora à onda verde do Minas Consciente, é esperado que haja piora nos dados epidemiológicos. Há três semanas, o Comitê Municipal de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 aprovou o avanço para a faixa menos restritiva do programa estadual.
Desta forma, observa o infectologista, os resultados da mudança de onda, que são perceptíveis cerca de 14 dias após a alteração, podem estar sendo sentidos agora, após a adoção de novas medidas de flexibilização.
“A população também está mais relaxada, não cumprindo regras. Vemos que muitas pessoas não estão aderindo a máscaras. Cada um também tem sua responsabilidade”.
Para o médico, o maior número de pessoas internadas e o consequente aumento na taxa de ocupação de leitos UTI é preocupante, dado que o índice é um dos principais indicadores epidemiológicos. “A cidade chegou a ter dias com 49 pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid internados em leitos UTI. Hoje (quinta), o número chegou a 78, mostrando claramente uma piora no número de internações, sendo que no pior momento, em julho, nós chegamos no máximo de 84 leitos de UTI ocupados por pacientes com suspeita ou com a doença. Isso é preocupante”, alerta.
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