Maracanã, 5 de agosto e um sonho
Cinco de agosto de 2016. Um dia que começou às 4h30 da manhã e que atingiria seu clímax às 20h, a cerca de 200km de onde acordei. No metrô, diante da especulação sobre um possível ataque terrorista, medo quando um rapaz passou pela catraca com uma caixa de papelão na mão. Medrosa, parei, deixei-o seguir e só continuei o percurso alguns bons minutos depois. Ao chegar na plataforma, estava eu novamente concentrada apenas em desembarcar no meu destino final.
Naquele dia, viveria eu dentro do Maracanã a experiência de acompanhar uma abertura de Olimpíada in loco. Uma cerimônia de tal magnitude, no maior templo esportivo do planeta, transmitida ao vivo para cerca de 2,5 bilhões de pessoas, segundo o Comitê Olímpico Internacional. Acho que de todos os eventos em que estive, este, por ser tão exclusivo, talvez seja o que eu, mesmo que tenha um Alzheimer ou qualquer outro distúrbio de memória, jamais esquecerei. Até mesmo a dificuldade de retornar para casa, já que, exceto o metrô, todos os meios de transporte estavam fechados em um raio de dois quilômetros do estádio, restando somente aquela alternativa para escoar os cerca de 80 mil presentes que saíram juntos do local.
Um dia histórico naquele histórico Maracanã.
Curiosamente – ou não – na mesma data do septuagésimo aniversário do “Maior do Mundo”, acabei tendo um sonho no qual, por telefone, eu anunciava a meu saudoso pai o fim dos casos de coronavírus no Rio e o retorno do Campeonato Carioca. Juntos, durante a ligação, planejamos nossa ida ao Mário Filho, acompanhar uma partida do Fluminense, seu time do coração. E assim, em uma conversa com um tom de muito entusiasmo nos dois lados da linha, combinamos que tiraríamos do papel aquele programa que tentamos algumas vezes, sem sucesso. Ao acordar, mesmo percebendo que, infelizmente, aquilo era um sonho, prometi para mim mesma que ainda irei assistir um jogo do time das Laranjeiras no Maraca. Exclusivamente para o meu querido tricolor.
As comemorações de aniversário foram se desdobrando ao longo do dia e fiquei pensando na emoção provocada pela ida ao estádio naquele agosto de 2016 e no lamento por não poder ter conseguido dividir as arquibancadas com meu pai, tal como, por vezes, fizemos no Municipal. Emoções múltiplas, que este senhor de 70 anos é capaz de provocar em tantos envolvidos com ele.