Dentistas redobram cuidados no atendimento em JF
Consultórios atendem somente a urgências e emergências mediante reforço de higienização
Enquanto parte da população de Juiz de Fora se habitua ao uso de máscaras fora de casa, profissionais de várias áreas também acrescentam barreiras de proteção no exercício do seu ofício. Com a impossibilidade de realizar procedimentos eletivos, em função da determinação do Ministério da Saúde, presente ainda nas normativas da Secretaria de Estado de Saúde (SES/ MG) e pelo decreto municipal para o combate ao novo coronavírus, os dentistas passaram a atender apenas casos de urgência e emergência em seus consultórios. Ou seja, na prática, atividades destes profissionais, como raspagens, restaurações e limpezas, ou outros procedimentos que não estejam associados a quadros de dor intensa, deverão ser remarcados para quando a medida de distanciamento social puder ser relaxada.
A saúde pública também limitou os atendimentos odontológicos em Juiz de Fora, agora restritos aos casos e urgência e emergência recebidos no Pronto Socorro Odontológico (PSO), que funciona no Hospital de Pronto Socorro (HPS). Os casos urgentes também podem ser atendidos nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEOs), de acordo com a regionalização, nas unidades Centro, Norte, Oeste e Sul.
Segundo a diretora de Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Brasileira de Odontologia de Juiz de Fora (ABO-JF), Rayla Cristina da Costa Ferreira, há algumas alterações importantes na rotina, para garantir a segurança de pacientes e de profissionais. A cautela começa no contato, com uma anamnese (que é o levantamento de uma série de informações sobre os sintomas e sobre a evolução deles) feita por telefone, antes do deslocamento para a clínica. Essa etapa já leva em consideração também perguntas sobre a circulação do paciente e a adoção de hábitos prevenção, incluindo a possibilidade de manifestação de algum sintoma.
Nas clínicas, os primeiros procedimentos podem incluir a aferição da temperatura e a continuação da anamnese iniciada pelo telefone. Há também a recomendação de bochecho com substâncias como o peróxido de hidrogênio de 0,5 a 1% ou polvidona a 0,2%, no consultório, conforme orientação da Associação Brasileira de Odontologia, com base na nota técnica da Anvisa com medidas de orientação e controle, publicada em março.
Uma cartilha sobre as diretrizes de atuação dos dentistas durante a pandemia é finalizada pela ABO e poderá ser conferida em seu site (abojf.com.br) e em suas redes sociais nos próximos dias. Ela conterá um reforço das indicações práticas que incluem desde os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) até a forma correta de higienizar os ambientes, antes da entrada do paciente e para depois que ele sai.
De acordo com Rayla, as recomendações são de que o uso de alguns recursos sejam evitados, justamente pela possibilidade de dispersão de aerossóis e respingos salivares. “Estamos nos adaptando. Temos bastante cuidado com o uso de EPIs, que fazem parte da rotina, mas há uma preocupação a mais, porque essa produção de aerossóis fica no ambiente e representa riscos. Essa é a nossa maior preocupação para evitar a contaminação, disse, reiterando que os profissionais da área estão capacitados para lidar com essa situação. “Estamos intensificando as orientações por conta da agressividade e letalidade do novo coronavírus.”
Além da máscara N95, que é recomendada para barrar os aerossóis, Rayla salienta que os profissionais da odontologia também têm usado o protetor facial (face shield), material que, inclusive, tem sido distribuído pela ABO- JF nos últimos dias. Além disso, os dentistas também têm usado o capote acima do jaleco. Outra mudança está associada ao tempo entre os atendimentos, que foi ampliado com objetivo de reforçar a desinfecção dos ambientes antes da chegada da próxima pessoa, para que elas também fiquem o menor tempo possível nos espaços.
Cuidar da higiene
O trabalho dos dentistas, assim como de todos os outros trabalhadores que seguem no atendimento durante a pandemia, deve contar a colaboração da população. Além do respeito de todas as medidas de prevenção adotadas para o novo coronavírus, as pessoas também precisam estar atentas à saúde bucal. “É importante que todos escovem os dentes e a língua e usem o fio dental após as refeições. A ida ao dentista, nesse momento, só em caso de necessidade mesmo”, reitera Rayla.
Procedimentos liberados
Situações de emergência
• Sangramento não controlado.
• Infecções graves como celulite ou infecção bacteriana difusa de tecidos moles com edema intraoral ou extraoral que possam comprometer as vias aéreas.
• Trauma envolvendo ossos faciais, potencialmente
comprometendo as vias aéreas do paciente.
Situações de urgência
• Dor dentária intensa por inflamação pulpar.
• Pericoronarite.
• Osteíte pós-operatória cirúrgica ou alveolite.
• Abscesso ou infecção bacteriana localizada, resultando em dor e inchaço.
• Fratura de dente resultando em dor ou causando trauma nos tecidos moles.
• Trauma dentário com avulsão/luxação.
• Tratamento dentário necessário antes de procedimentos médicos críticos.
• Cimentação final de coroa/ponte se a restauração temporária
foi perdida, quebrada ou está causando irritação gengival.
• Biópsia de tecido suspeito.
Outros cuidados odontológicos urgentes
• Lesão cariosa (cárie dentária) extensa ou restaurações defeituosas causando dor – gerenciar com técnica de restauração provisória quando possível (cariostático, ionômero de vidro).
• Remoção de sutura.
• Ajuste de prótese removível em usuários em tratamento oncológico.
• Ajustes ou reparos de prótese removível quando há prejuízo da função.
• Substituição de restaurações temporárias nos acessos endodônticos em usuários com dor.
• Corte ou ajuste de fios ortodônticos ou piercings que perfurem ou ulcerem a mucosa oral.
Fontes: American Dental Association ADA (2020). Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (Coordenação de Saúde Bucal- Diretoria de Ações Temáticas e Estratégicas/Superintendência de Redes de Atenção à Saúde)
Tópicos: coronavírus