Parlamentares defendem decreto de emergĂȘncia para BR-267
‘CafĂ© Parlamentar’ reuniu deputados com domicĂlio eleitoral em JF e prefeito Antonio Almas
Os deputados federais Charlles Evangelista (PSL), JĂșlio Delgado (PSB) e Margarida SalomĂŁo (PT) pleiteiam, junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a publicação de um decreto de emergĂȘncia a fim de realizar obras na BR-267 com dispensa de licitação, sobretudo no segmento entre Juiz de Fora e MaripĂĄ. Nesta segunda-feira (9), no evento “CafĂ© Parlamentar”, realizado pela Associação Comercial e Empresarial de Juiz de Fora (ACE/JF), os polĂticos manifestaram preocupação com as condiçÔes da rodovia. Por meio de emenda impositiva, a bancada mineira na CĂąmara dos Deputados destinou cerca de R$ 10 milhĂ”es para manutenção da rodovia. O deputado JĂșlio Delgado terĂĄ, nesta terça, em BrasĂlia, audiĂȘncia com o diretor-geral do DNIT, AntĂŽnio Leite dos Santos Filho, e com o diretor de Infraestrutura RodoviĂĄria, Euclides Bandeira Neto.
Conforme JĂșlio, os recursos garantidos sĂŁo insuficientes, uma vez que a situação da rodovia Ă© emergencial, e nova licitação postergaria as intervençÔes. “A situação estĂĄ a cada dia pior, com a estrada mais deteriorada. Sabemos que, alĂ©m do valor de manutenção, precisamos de um valor maior para recuperar a BR-267 e tambĂ©m as estaduais. Falamos da 267, mas tem todas as estradas que interligam as rodovias, que sĂŁo as MGs, sob responsabilidade do Estado. Se faltam projetos para a BR-267, que ao menos possamos decretar emergĂȘncia. Se isso nĂŁo acontecer e ficar no prazo de seis meses que o Governo federal estĂĄ estabelecendo, a comunidade da regiĂŁo nĂŁo suporta. E, assim, terĂamos apenas a alternativa de uma atitude mais drĂĄstica, como paralisar a rodovia completamente, inviabilizando-a para trĂąnsito e deixando livre somente em questĂ”es de emergĂȘncia.”
No entanto, como pondera JĂșlio, os R$ 10 milhĂ”es assegurados pelas emendas impositivas corresponderiam a apenas um terço do montante necessĂĄrio para viabilizar a reconstrução do trecho entre Juiz de Fora e MaripĂĄ. “Todos os especialistas, como engenheiros e profissionais de edificaçÔes e recuperação de rodovias, falam que uma estrada como a BR-267 precisa de um recapeamento total. Eu nĂŁo sou engenheiro, mas os que sĂŁo dizem que ficaria em torno de R$ 30 milhĂ”es.”
De acordo com Margarida, embora intervençÔes tenham sido iniciadas ainda neste ano, o processo licitatĂłrio para a contratação da empresa responsĂĄvel foi questionado pelo Tribunal de Contas da UniĂŁo (TCU) e, por isso, as intervençÔes foram interrompidas. “A BR-267 Ă© uma estrada que podemos dizer que acabou. A rodovia jĂĄ estava muito mal. O Ășltimo trabalho de recuperação foi realizado em 2015. Desde entĂŁo, ela estĂĄ entregue a Deus, e, como neste ano, Deus mandou fortes chuvas, ela acabou. E Ă© um perigo, porque tem altĂssimo fluxo por conta da relação entre Juiz de Fora, Bicas, Leopoldina e MaripĂĄ. Eu tenho estado lĂĄ e tenho recebido de toda a regiĂŁo demandas muito insistentes sobre uma recuperação da BR-267.”
Posição do Dnit
Em resposta Ă Tribuna, o Dnit reitera que, no trecho localizado entre Juiz de Fora e Bicas, houve problemas de desempenho da empresa contratada, o que afetou a manutenção da via. Segundo o ĂłrgĂŁo, o processo de licitação jĂĄ estĂĄ em andamento e uma nova empresa serĂĄ contratada. “A empresa foi acionada pelo DNIT e vai devolver a trafegabilidade ao trecho”, afirma, em nota.
Em clima eleitoral
AlĂ©m da BR-267, o Hospital Regional de Juiz de Fora e o Parque TecnolĂłgico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foram discutidos no CafĂ© Parlamentar e elevaram o tom da corrida para a Prefeitura, uma vez que o evento reuniu cinco prĂ©-candidatos ao Executivo. AlĂ©m da deputada Margarida SalomĂŁo (PT), compuseram a mesa de debates o prefeito Antonio Almas (PSDB) e os deputados estaduais Noraldino JĂșnior (PSC) e Sheila Oliveira (PSL), todos possĂveis concorrentes Ă Prefeitura. O pastor AloĂzio Penido – cuja filiação ao PTC estĂĄ agendada para 17 de março -, que jĂĄ confirmou Ă Tribuna as pretensĂ”es para a disputa majoritĂĄria, e Eduardo Lucas (Rede) estiveram presentes, mas na plateia. O presidente da CĂąmara Municipal, Luiz OtĂĄvio Coelho (Pardal, PTC), que deve pleitear a reeleição no Legislativo, tambĂ©m compareceu ao evento.
A falta de utilização e de fiscalização do Hospital Regional pela Prefeitura foi criticada por Noraldino e Sheila. Almas reiterou que a gestĂŁo da execução da obra – estagnada desde agosto de 2016 – Ă© de responsabilidade do Governo estadual. “A Prefeitura nĂŁo tem gestĂŁo direta nesta obra. Ă como se fĂŽssemos uma empresa contratada pelo Estado para gerir a obra, mas os recursos tĂȘm que vir do Estado. VĂĄrias frentes para a construção de hospitais regionais foram feitas pelo Governo estadual em diversas cidades. O governador Romeu Zema (Novo) pediu um prazo para discutir a vocação de cada regiĂŁo, uma vez que ele precisava alocar esses recursos, que sequer sĂŁo tĂŁo fĂĄceis de obter em meio Ă crise econĂŽmica protagonizada pelo paĂs.” Indagado sobre a presença de quatro prĂ©-candidaturas na mesa, o prefeito desconversou. “Havia outros (AloĂzio e Eduardo Lucas) ainda sentados na plateia. Acho que nĂŁo Ă© um evento de prĂ©-campanha. Ă um evento das pessoas que estĂŁo preocupadas com a cidade de Juiz de Fora, independentemente do processo eleitoral.”
Sheila, contudo, citou os trabalhos realizados pela Assembleia Legislativa, por meio da Frente Parlamentar Mista, para investigar a “pouca vergonha” e o “descaso” que ocorrem na obra, papel que, segundo a deputada estadual, deveria ser do Executivo, como previsto em contrato. “Em setembro de 2019, a ALMG instalou uma Frente Parlamentar Mista, nĂŁo para viabilizarmos o tĂ©rmino da obra, mas para investigar a pouca vergonha e o descaso que acontece hĂĄ 12 anos. E ainda temos que escutar que ela continua daquele jeito por falta de repasse de recursos. Foram repassados, primeiramente, R$ 30 milhĂ”es para o MunicĂpio e, posteriormente, R$ 33 milhĂ”es. E o MunicĂpio Ă© o responsĂĄvel por fiscalizar as obras do Hospital Regional, mas, desde 2012, nĂŁo presta contas para o Estado sobre o dinheiro. NĂŁo devemos discutir se hĂĄ viabilidade para a conclusĂŁo da obra; devemos discutir o que vai ser feito com elefante branco.” Na ocasiĂŁo do questionamento, o prefeito jĂĄ havia deixado a sede da ACE/JF devido a uma agenda na UFJF.
Noraldino, o Ășltimo prĂ©-candidato a se pronunciar, questionou o alto nĂșmero de obras em andamento Ă Ă©poca do inĂcio dos trabalhos para a construção do Hospital Regional, quando trĂȘs outras unidades hospitalares jĂĄ estavam em construção: Hospital JoĂŁo Penido, Hospital UniversitĂĄrio e Hospital Maternidade Therezinha de Jesus. “Estou vendo aqui que as turbinas estĂŁo esquentando para as eleiçÔes municipais. Nenhuma destas obras acabou atĂ© agora. Nem se colocarmos recursos no Regional poderemos finalizar a obra, porque hĂĄ problemas em contratos anteriores. O problema maior, para mim, foi ter iniciado a obra sem ter analisado se haveria condiçÔes para terminĂĄ-la. Mesmo se mudarmos a situação econĂŽmica do Governo federal e do Estado e tivermos recursos, a cidade nĂŁo estĂĄ preparada para se desenvolver. Qual o projeto de cidade de Juiz de Fora? Independentemente do que acontecer nas eleiçÔes e de quem forem os candidatos, a cidade nĂŁo pode ficar assim.”
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