Polícias desmantelam esquema de fabricação de notas falsas
Operação conjunta entre Polícia Militar e Polícia Federal ocorreu em Descoberto. Cerca de R$ 80 mil em dinheiro falso foram apreendidos
Uma ação conjunta entre as polícias Federal e Militar desmantelou um esquema de fabricação de notas falsas em Descoberto, município distante de Juiz de Fora cerca de 80 quilômetros. Aproximadamente R$ 80 mil em cédulas falsas foram apreendidas na ação. Conforme as polícias, a trama criminosa era chefiada por um homem, 32 anos, que já havia sido preso pelo mesmo delito em 2018, quando foi flagrado fabricando dinheiro falso em São João Nepomuceno. Ele estava em liberdade condicional há cerca de três meses.
Desta vez, ele sofisticou o esquema, que contava com uma espécie de controle de qualidade que dificultava descobrir que o dinheiro era falso. Além disso, ele enviava as notas via Correios em meio a barras de sabão para todo o país, inclusive Juiz de Fora, onde os policiais flagraram uma entrega na quarta-feira (12).
As investigações tiveram início depois que as polícias tiveram informação de que o suspeito estaria enviando grande quantidade de pacotes suspeitos por meio dos Correios. A Polícia Militar iniciou o monitoramento em Descoberto. De acordo com Cláudio Dornelas, delegado da Polícia Federal de Juiz de Fora, as apurações apontaram que as correspondências enviadas por ele tinham o mesmo padrão das flagradas na ação de 2018. “Ele enviava os pacotes para todo o país, porém, para dificultar a descoberta do crime, embalava as notas em papel alumínio e as colocava em meio a barras de sabão, dentro de caixas”, disse.
Na tarde de quarta, depois de monitoramento, equipes da 136ª Companhia de Polícia Militar, comandadas pelo capitão Luiz Eduardo Quirino, conseguiram flagrar o momento em que um comparsa, 20, ia até a agência buscar pacotes. O suspeito de comandar o esquema esperava o jovem em um carro. Nas caixas foram apreendidos R$ 8.300 em notas falsificadas de R$ 100 e 1.280 em notas verdadeiras do mesmo valor.
Conforme o capitão Quirino, os pacotes teriam sido enviados pelos Correios, porém retornado ao remetente. Os suspeitos foram abordados exatamente quando foram buscar a encomenda na agência. Eles foram presos em flagrante pelo crime previsto no artigo 289 do Código Penal, que é “falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel moeda de curso legal no país ou estrangeiro”. A dupla também foi autuada com base no artigo 288, associação para o crime.
Entrega para Juiz de Fora
Conforme o delegado Cláudio Dornelas, a polícia conseguiu rastrear que uma das caixas tinha como destino o Bairro Santa Cândida, Zona Leste de Juiz de Fora. Em parceria com os Correios, os agentes federais foram até o endereço no momento que a entrega seria feita, na tarde de quarta-feira. “Um jovem de 19 anos recebeu o carteiro e assinou o documento de recebimento da encomenda. Enquanto o entregador foi no carro dos Correios pegar a embalagem, os policiais fizeram a abordagem do indivíduo. Chovia muito forte no momento e, como ele já conhecia bem o bairro, conseguiu escapar do flagrante pulando muros. A caixa foi apreendida e dentro dela estavam as barra de sabão e 15 notas falsas de R$ 100”, disse, acrescentando que, se o rapaz não se apresentar, será pedida sua prisão preventiva.
Fabricação sofisticada contava com “controle de qualidade”
Ainda em Descoberto, logo após a prisão em flagrante da dupla, policiais militares e agentes da Polícia Federal cumpriram um mandado de busca e apreensão no local previamente identificado como sendo utilizado para a fabricação das notas falsas. O maquinário encontrado no endereço, um imóvel alugado pelo suspeito no Bairro Bela Vista, chamou a atenção. “Dentro dos cômodos estavam equipamentos químicos, de informática e seladores, ou seja, uma fábrica de dinheiro falso. O que chamou a atenção é que eles faziam testes de qualidade das cédulas, tinha máquinas para checar a qualidade da marca d’água impressa e também faziam o teste com uma caneca, comumente usada no comércio, para identificar as falsificações”, disse Cláudio Dornelas.
Os policiais apreenderam no imóvel R$ 69.490 em notas falsas de R$20, R$50 e R$100, caixas usadas para enviar as cédulas, algumas delas já prontas para seguirem para os Correios com as barras de sabão e cédulas dentro. A Polícia Federal quer saber agora quem seriam os destinatários dos montantes. Dornelas destacou que ainda não foi possível levantar quanto em dinheiro eles fabricavam no espaço. “Essa ação barrando a produção em série, que tinha ramificação em várias partes do país, inibe um prejuízo milionário ao comércio e ao cidadão”, disse. Segundo ele, a dupla foi trazida para Juiz de Fora e levada ao Ceresp, onde está à disposição da Justiça Federal.