Mobilidade urbana
Cidades enfrentam desafios diários para garantir a mobilidade urbana num cenário de recursos precários e espaços escassos
A Secretaria de Transportes está anunciando a instalação de mais três radares na área central de Juiz de Fora, a fim de ampliar a segurança dos pedestres e, ao mesmo tempo, garantir ao próprio motorista uma direção segura. A cidade, como é comum nas demais metrópoles, vive o drama dos novos tempos, isto é, carros em demasia e dificuldade de abertura de novas vias, o que exige outras medidas para garantir um mínimo de mobilidade. Em horários de pico, algumas regiões se tornam impraticáveis. O controle da velocidade se faz necessário ante os abusos, especialmente nas madrugadas, que são um risco permanente.
A discussão, porém, não é pacífica. O presidente Jair Bolsonaro, como fórmula de combater o que chama de indústria da multa, vai proibir os radares móveis, que, no seu entendimento e no de muita gente, são verdadeiras emboscadas, pois não avisam sua localização. É uma questão controversa a ser resolvida em fóruns de discussão com especialistas.
Nesse enredo de prós e contras, algumas questões, no entanto, beiram o consenso. O automóvel e as cidades tornaram-se uma agenda importante, pois há tempo se discute essa convivência. No chamado primeiro mundo, as restrições ao automóvel são cada vez maiores, com ampliação de áreas para pedestres e adoção de transporte alternativo. A opção pelos coletivos tornou-se um dado real, com viés, inclusive, ecológico.
Essa realidade ainda é distante no Brasil, embora já haja espaço para incentivo ao transporte coletivo em detrimento do automóvel. Se este fosse suficientemente adequado, a mudança de opção seria expressiva, sobretudo por conta dos custos com combustível, estacionamentos e taxas cada vez mais altas cobradas pelo Estado.
A cidade tem vários gargalos que se tornaram desafios para as autoridades de trânsito com o agravante da falta de recursos. A abertura de acessos, como na ligação entre Centro e Cidade Alta, é um deles. O trânsito por dentro do Campus da UFJF é uma concessão da universidade, mas chegará um momento em que essa questão terá que ser enfrentada, sobretudo diante da realidade da região, cujo trânsito passará por uma mudança expressiva com a abertura da BR-440. A discussão, portanto, não termina nos radares.