Espaços públicos
O Governo quer economizar, reduzindo o custo com aluguéis, mas poderia avaliar novos espaços antes de efetivar a desocupação de andares do prédio do Crédito Real em Juiz de Fora
O governador Romeu Zema tem razão em estabelecer uma rígida política de contenção de gastos para colocar em dia a combalida situação econômica do Estado, mas em algumas situações é necessária a adoção do princípio da razoabilidade, a fim de garantir às partes um mínimo de segurança em suas ações. A decisão de desalojar três andares do prédio do Crédito Real em Juiz de Fora, para implantação de secretarias do Governo, pode até acontecer, mas é preciso discutir o futuro das partes afetadas e, sobretudo, o prazo de 30 dias dado para a desocupação.
Na visão liberal, o Estado não tem que cuidar de eventos privados, mas no caso em questão há um histórico que deve estar à mesa de eventuais conversações: nem todos os inquilinos têm condições de uma mudança tão rápida, e outros, como o museu, fazem parte do histórico da cidade, carecendo, assim, de atenção do próprio Estado, pois registra a história do município e tem forte apelo popular, bastando acompanhar a sua pauta de visitas. Ignorar o passado é não dar atenção ao futuro.
Minas vive uma situação singular em sua economia. Entre os três estados mais ricos do país, encontra-se, de acordo com o próprio governador, em situação pré-falimentar, fruto de gestões temerárias que não levaram em conta a máxima de não gastar mais do que arrecada. Agora, na busca de recolocar o trem nos trilhos, várias medidas amargas estão sendo tomadas. E não há outro caminho, mas conversar é sempre uma possibilidade de entendimento.
Ademais, o Governo deveria verificar outros próprios do Estado que poderiam ser ocupados por organismos públicos e que se encontram desocupados. Um levantamento apurado poderá resolver parte da questão, conciliando interesses sem que haja prejuízo das partes.