Parque Estadual do Ibitipoca tem nova gerente
Engenheira florestal Clarice Nascimento Lantelme Silva assume no lugar de João Carlos Lima de Oliveira
Em meio ao Termo de Acordo firmado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) designou, no último sábado (30), por meio do Diário Oficial do Executivo de Minas Gerais, a engenheira florestal Clarice Nascimento Lantelme Silva para gerir, a partir da última segunda-feira (1º), o Parque Estadual do Ibitipoca. O biólogo João Carlos Lima de Oliveira, portanto, gerente desde maio de 2004, deixa de responder pela unidade de conservação. Questionado sobre as razões da substituição, o IEF justificou se tratar de “decisão de caráter administrativo, visando a otimização dos recursos humanos disponíveis”. Clarice retornará à unidade de conservação onde trabalhou, como analista ambiental, entre 2006 e 2009.
“O acordo com o MPMG é uma questão a ser resolvida. São os desafios de qualquer gestão. Contudo, vejo com bastante tranquilidade, a partir do momento que venho com a capacidade de tomar as medidas necessárias para que a visitação não seja encarada como um problema, e, sim, como uma solução. A gente quer a sociedade dentro dos parques”, afirma Clarice. No tratado, o MPMG enumera determinações a serem tomadas pelo IEF visando à regularização das visitações à unidade de conservação. “O principal a ser feito é melhorar o ordenamento da visitação. Isso diz respeito tanto a trilhas manejadas como sustentáveis, à sinalização e ao controle dos acessos e dos fluxos de visitação. Está associado ao meu perfil de trabalho. Sempre trabalhei com uso público; o meu perfil é trabalhar com a visitação.”
Elevado, em 2015, de 800 para 1.200, o quantitativo de visitações diárias ao Parque Estadual do Ibitipoca foi, em maio de 2018, novamente regulamentado pelo IEF por determinação do MPMG; conforme entendimento do órgão, a capacidade diária atual da unidade de conservação é de apenas 600 visitas. “Acredito que a visitação aos parques é uma grande estratégia para que a sociedade compreenda a importância da conservação da natureza. Dentro do parque há uma possibilidade de conexão com o meio ambiente, de educação ambiental de maneira sensorial por meio do contato direto”, pontua Clarice. Em convênio com o MPMG, o Núcleo de Análise Geoambiental da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), inclusive, coordena atualmente pesquisa de capacitação de carga dos circuitos do Parque do Ibitipoca.
Dado que o uso público de unidades de conservação é marca do seu perfil, Clarice considera a visitação a única complexidade do Parque Estadual do Ibitipoca. “A unidade é 100% regularizada fundiariamente – uma das únicas no Brasil -, não há também problemas sérios de proteção, como, por exemplo, caça, colheita de madeira etc. O mais complexo é a visitação, que deve ser ordenada. Costumo dizer que a visitação não é e nunca vai ser um problema. A visitação é uma solução.” A nova gerente, inclusive, desassocia as visitações ao estado de conservação das trilhas. “Fala-se muito que as trilhas do parque estão sendo um problema por causa da visitação. Isso não é verdade. O problema das trilhas, hoje, é drenagem, por exemplo; a parte biofísica. As trilhas não sofreram manejos nos últimos anos, nem monitoramento.”
Realocação
Antes de assumir a administração do Parque Estadual do Ibitipoca, João Carlos Lima de Oliveira geriu as unidades de conservação Estação Ecológica Água Limpa, em Cataguases, e Parque Estadual Serra do Brigadeiro, localizado na Serra da Mantiqueira, entre os municípios de Araponga, Divino, Ervália, Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita. O IEF informou que João Carlos permanece como servidor da autarquia, porém, não respondeu sobre uma possível realocação do biólogo em outra unidade de conservação.
Mudança em andamento desde março
Embora nomeada no sábado, Clarice já é responsável pela gerência do Parque Estadual do Ibitipoca desde 11 de março. À época, o IEF nomeou a engenheira florestal – Portaria nº 18/2019 – para responder pela unidade de conservação até este domingo (31). Perguntada, a autarquia afirmou à reportagem, na ocasião, em nota, ser temporária a designação. “A servidora Clarice Nascimento Lantelme Silva foi designada apenas para responder pelo parque no período de férias do servidor João Carlos Lima de Oliveira.” A gerente tem à disposição, conforme o IEF, nove servidores efetivos e mais 18 colaboradores contratados na unidade para reordená-la.
Dentre as medidas já implantadas, Clarice destaca a aproximação da administração à comunidade local por meio da Oficina de Manejo de Trilhas, em andamento, e da Oficina de Sinalização, a ser realizada em maio. “Estamos fazendo um trabalho de campo, já tomando as medidas, com o envolvimento de todo mundo. Não é um trabalho do parque, é um trabalho de todos. Todo mundo estará envolvido nas ações diretas, como representantes de unidades de conservação, da UFJF, condutores locais, empreendedores de turismo, moradores etc.”
Embora tenha trabalhado como analista ambiental entre 2006 e 2009 no Parque Estadual do Ibitipoca, Clarice, cedida ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), administrava, desde 2018, o Parque Nacional do Caparaó, localizado na serra homônima, na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo. Entre 2011 e 2016, a engenheira florestal gerenciou o Parque Estadual da Serra do Papagaio, cujo território abarca os municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto. Entre 2017 e 2018, por fim, geriu os parques nacionais Aparado Geral e da Serra Geral, situados na divisa entre os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina.