Dois jovens são condenados a mais de 30 anos por duplo homicídio em boate

A pena também inclui tentativa de assassinato de uma terceira vítima; um cadeirante foi sentenciado por crime na mesma noite


Por Sandra Zanella

30/10/2018 às 17h06

boate santuario fernando
Crime aconteceu na madrugada do dia 12 de novembro de 2016, matando jovens de 17 e 22 anos (Foto: Fernando Priamo)

Dois jovens foram condenados a mais de 30 anos de prisão pelo duplo homicídio qualificado de Pablo Carlos dos Santos, 17 anos, e Lucas Anacleto Rezende, 22, e pela tentativa de assassinato de um rapaz, 22, ocorridos em novembro de 2016 na boate Santuário, no Bairro Mariano Procópio, Zona Nordeste de Juiz de Fora. A sessão no Tribunal do Júri aconteceu na segunda-feira (29) e foi presidida pelo juiz Paulo Tristão. Matheus de Miranda Soares, 22, recebeu pena de 34 anos e oito meses de reclusão, enquanto Welder de Oliveira, 20, foi sentenciado a 30 anos e quatro meses, ambos em regime inicialmente fechado. A condenação do primeiro foi maior, de acordo com a Justiça, pelo agravante de ele ser reincidente. Já o cadeirante Wellington da Silva, 26, foi a julgamento popular pela tentativa de homicídio na mesma noite contra outro jovem, 21. Ele foi condenado a dez anos e oito meses pelo crime. Cabe recurso.

A ação violenta aconteceu por volta das 3h do dia 12 de novembro daquele ano, na casa noturna situada na Rua Cabo Frio. Segundo a denúncia do Ministério Público, teve início uma discussão na boate, estando de um lado Matheus, Welder e um adolescente, e do outro as vítimas Lucas e Pablo. Eles foram contidos pelos seguranças, que colocaram Matheus e Welder para fora do estabelecimento. Algum tempo depois, no entanto, os dois retornaram armados, entraram na boate, atiraram e mataram Lucas, atingindo ainda, com dolo eventual, um jovem, de 22 anos na época, que foi ferido no ombro e sobreviveu. Em ato contínuo, já fora da casa noturna, os atiradores abriram fogo contra Pablo, que não resistiu, assim como Lucas.

Ainda conforme o MP, um quarto rapaz baleado, 21, também estava na boate e decidiu deixar o local após o ocorrido, mas acabou sendo alvejado pelas costas quando já estava na parte externa. Os disparos partiram do adolescente, a mando de Wellington, “que teria levado a arma ao local escondida em sua cadeira de rodas e entregado ao menor”. Wellington foi condenado pela tentativa de homicídio, mas foi absolvido da acusação de corrupção de menores.

De acordo com a promotoria, “os homicídios de Lucas e Pablo foram cometidos por Matheus e Welder por motivo fútil, decorrente de rixas entre os bairros Jardim Natal e Jóquei Clube III”, enquanto a tentativa de assassinato contra o rapaz de 21 anos “se deu por motivo torpe, como vingança por ser colega do indivíduo que atirou em Wellington em data anterior, deixando-o paraplégico”. Além disso, “agiram com emprego de meio que resultou em perigo comum, efetuando diversos disparos em uma boate, com grande número de frequentadores, causando risco para a vida e à integridade física de todos que ali estavam”. Complementando os qualificadores, “as vítimas tiveram suas defesas dificultadas, pois foram surpreendidas pelos disparos”.

Em sua sentença, o juiz destacou que Wellington entrou na casa noturna com a arma de fogo escondida em sua cadeira de rodas, “aproveitando-se da sua condição de aparente vulnerabilidade”. Paulo Tristão ainda revogou a prisão domiciliar do condenado, determinada pela Justiça em 28 de maio, e negou a todos o direito de recorrerem em liberdade. De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), Matheus está no Ceresp desde 24 de novembro de 2016, e Welder está na mesma unidade prisional desde 26 de dezembro do mesmo ano.

Tópicos: polícia

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