Indústria da multa
Fazer uso de tal afirmação é um equívoco, mas o sistema precisa passar por correções em áreas críticas, a fim de garantir a segurança dos usuários com eficiência
O surrado discurso da indústria da multa serve mais para a plateia do que para os próprios fatos, uma vez que não há discriminação para esse ou aquele personagem na hora da penalização. Quem é autuado cometeu algum ilícito no trânsito de moto próprio – por intenção ou por distração -, mas cometeu. Dito isso, é possível melhorar a discussão sobre os radares de Juiz de Fora com a indicação de algumas medidas que, de fato, poderiam favorecer a relação entre os usuários do sistema viário e os órgãos de fiscalização. Na edição deste domingo, a Tribuna mostra os campeões de autuações. Um deles é o radar na entrada da Avenida Deusdedit Salgado, Acesso Sul da cidade. Este, sim, é um caso a ser avaliado por conta da sua localização no início da avenida. Quem chega pela BR-040, por mais lento que esteja, encontra-se em ritmo de viagem e não percebe o equipamento a tempo de reduzir a velocidade. Um ponto mais adiante talvez mudasse essa situação sem comprometer a segurança.
O ponto vital dos radares é a sinalização. Se bem equacionada, atende tanto os usuários quanto o sistema, pois a meta precípua de sua instalação é reduzir a velocidade e garantir a segurança dos usuários, e não a multa em si. E aí há problemas. Ainda há pontos considerados precários que precisam ser avaliados. Como nas rodovias, os motoristas precisam ser avisados com insistência, pois só assim será possível garantir a eficiência do projeto. Quem for multado não terá a mínima justificativa, dando fim, de vez, ao discurso da indústria da multa.
O outro ponto a ser colocado na pauta é a sempre recorrente educação no trânsito. É vital insistir em tais campanhas, pois o ganho é coletivo. Os motoristas precisam compreender a importância das vias urbanas e entender que não são pistas de velocidade; os pedestres, por sua vez, devem reconhecer os espaços próprios para travessia e o respeito ao tempo dos sinais. Muitos dos acidentes são fruto da distração ou da imprudência, duas equações que podem ser resolvidas pela informação.