Novo mundo

As redes sociais chegaram para ficar, mas seu uso ainda carece de mais discussão, para evitar, sobretudo, as distorções que culminam nas informações falsas, postadas com interesses difusos


Por Tribuna

20/10/2018 às 07h00

O debate que se estabeleceu em torno do WhatsApp, que estaria sendo utilizado para desconstruir candidaturas e dar ênfase a outros personagens, ainda não terá um desfecho ante os pontos cegos que ainda cercam essa discussão. Ferramenta que tomou o espaço do Facebook, ele ainda é uma incógnita para uma importante parcela da população, que dele faz uso sem avaliar as consequências. E os que sabem o utilizam com diversos fins, como ficou claro nessa campanha. O melhor caminho é a Justiça, como fez o deputado Júlio Delgado, que vai insistir na divulgação do personagem, ou personagens, que impulsionou uma série de críticas contra seu mandato em nome de algum projeto político.

Não é de hoje que se discute a dimensão das redes sociais nas eleições. Se durante anos o rádio e a televisão eram os meios mais eficientes, esse foco mudou, sobretudo pela capacidade de mobilização do WhatsApp já a partir das manifestações de 2013, quando foi a matriz para eventos em questões de horas, graças à capacidade de compartilhamento que faz dele um fator de divulgação em tempo real. O que não se esperava, porém, era esse novo modelo de utilização que levou a própria empresa gestora a tirar do ar vários implementadores por estarem — nesse entendimento inicial — agindo fora das regras do jogo.

A questão, porém, é que ainda não há um debate consistente sobre essa demanda, a começar pelo mundo acadêmico, que também se encontra na fase exploratória. Os agentes da informação ainda não desvendaram a extensão das possibilidades das redes sociais, embora seu uso, hoje, seja bem mais eficiente do que em pleitos anteriores. O dado em aberto é saber se haverá algum tipo de controle para melhorar o fluxo da informação.

Os autores das postagens contam com o compartilhamento, feito, em boa parte, sem uma consistente avaliação do conteúdo. E não é só na política. Episódios do cotidiano trafegam pela rede mundial sem a mínima governança e acabam sendo motivadores das fake news, que encontram território fértil para a sua propagação.

Daí, a relevância dos meios formais de informação, que buscam o fato sob o olhar da informação, mas preocupados com a apuração profunda e no contraponto, uma vez que a ausência do contraditório deixa a notícia capenga, sobretudo quando há o choque de versões.

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