Cartas na mesa
A uma semana do pleito, os políticos jogam todas as fichas para conquistar espaço e desconstruir o oponente mais próximo
A uma semana das eleições, as cartas estão na mesa. A reta final promete emoções e, ao mesmo tempo, enfrentamentos, frutos das possibilidades de cada um no xadrez político traçado pelo eleitor. À conquista do voto indeciso soma-se o movimento para reverter a posição daqueles ditos consolidados. É o salve-se quem puder das eleições que se repete de dois em dois anos, levando-se em conta, também, os embates municipais para prefeitos e vereadores.
Esse processo é da essência do jogo e não surpreende, mas somente nesta semana é que será possível ver a extensão dos discursos e os alvos a serem mirados. As fragilidades serão exploradas, e o processo de desconstrução vai se aguçar com respaldo não apenas das ruas, mas também de formadores de opinião instalados em diversas instâncias. E aí há material de sobra para ser colocado em pauta. Líder das pesquisas, o candidato Jair Bolsonaro vive sob um forte bombardeio com manifestações pelo país afora, encabeçadas por mulheres de várias linhas ideológicas, mas engajadas contra o que consideram ser um problema coletivo: o modo como o candidato se apresentou ao curso da campanha diante do público feminino.
Na segunda posição, o petista Fernando Haddad também está na linha de tiro dos opositores, sob o argumento de ser apenas um representante do ex-presidente Lula, a quem reputam ser o verdadeiro dono da voz que chega aos palanques. A propósito, com aval do ministro do STF, Ricardo Lewandowisk, Lula irá falar à imprensa numa inédita entrevista no cárcere. O que dirá, não se sabe, mas não terá entre ele e o público qualquer intermediário.
Os demais candidatos se digladiam entre si, mas descobriram – um pouco tarde – que mais perdem do que ganham quando se questionam mutuamente. Por isso, nos últimos dias, esqueceram suas idiossincrasias e passaram a mirar nos líderes. Estes, por sua vez, também reagem já de olho num eventual segundo turno, apontando possíveis parceiros. Nesse processo, a propósito, o emedebista Henrique Meirelles, também candidato à Presidência, passou a ser cortejado para um futuro ministério. A conferir.