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Pesquisas começam a moldar a ação dos partidos, reforçando também o discurso para desconstrução dos concorrentes diretos
A pouco mais de uma semana para as eleições, o discurso político subiu o tom. Os de trás batem nos da frente numa tentativa de reverter o jogo. Tal movimento é comum e tornou-se uma estratégia de desconstrução do adversário para conseguir espaço, mas sua eficiência ainda é discutível. O eleitor quer saber quais são as propostas ou prefere saber das mazelas dos candidatos? Essa pergunta enche a agenda dos marqueteiros. Por enquanto, prevalece a tese do big stick, como foi possível verificar no debate do SBT na noite de quarta-feira. Sem Jair Bolsonaro, que somente nesta sexta-feira deve deixar o hospital, o alvo preferencial foi o petista Fernando Haddad, o segundo colocado nas intenções de voto.
Nesse caso, a motivação é simples. Se não houver contratempos, o Datafolha deve divulgar uma pesquisa em que foi a campo para ouvir nove mil entrevistados, indicando uma margem de erro de apenas dois pontos percentuais. Dependendo dos números, as chances de reversão do quadro serão praticamente nulas para os candidatos que estão atrás da dupla que lidera as pesquisas. Embora 28% dos eleitores assinalem – como mostrou o Ibope – que têm alta chance de trocar de voto, essa operação não indica, necessariamente, que esta opção irá para apenas uma candidatura. Se houver dispersão, o quadro não muda.
Em situações como essa, os bastidores da política começam a fazer um segundo movimento em torno de alianças. Os partidos de menor porte, especialmente, colocam o bloco na rua e começam a fazer o que sabem fazer melhor: vender seu apoio, como é rotina nas relações entre Executivo e Legislativo. A questão central é avaliar sob que condições pretendem se posicionar no xadrez da sucessão.
Seja qual for a articulação, as urnas continuam sendo um espaço de reflexão para os atores políticos. De novo indicam que as ruas querem mudanças e que o discurso de algumas legendas está vencido. Mais do que isso, a renovação não passa apenas em torno do viés programático, mas também de nomes. Da mesma forma que o número de eleitores novos que ingressa no colégio eleitoral aumenta, os partidos também precisam renovar. Se insistirem no velho modelo e nos nomes já desgastados, ficarão em segundo plano.