Impasse na segunda vaga
Bolsonaro sobe aquém do esperado, mas lidera na corrida para o segundo turno, deixando a briga para quatro candidatos ora embolados na pesquisa
O atentado contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro teve repercussão direta nos números do Datafolha anunciados na noite de segunda-feira, mas o impacto foi aquém do esperado, uma vez que sua equipe considerava que chegaria à casa dos 30%. Ele, no entanto, cresceu dentro da margem de erro, chegando a 24%. Se comparado aos demais, a diferença ainda é expressiva, mas há o impasse da rejeição. O brasileiro condenou o crime praticado por Adelio Bispo, apoiou o candidato nos momentos críticos, mas demonstrou que não misturou política com solidariedade. Cinquenta e cinco por cento ainda dizem que não votariam nele em hipótese alguma.
Dito isso, a discussão é remetida para a disputa do segundo lugar, uma vez que, salvo algo muito grave, Bolsonaro passará para o próximo turno. Mas contra quem?
Se a eleição fosse hoje, haveria um empate técnico entre Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Este último deu o maior salto, saindo de 4% para 9%, embora seu nome sequer tenha sido homologado pelo seu partido, o que só aconteceu nessa terça-feira, com a carta do ex-presidente Lula renunciando a candidatura e indicando seu sucessor na chapa.
Nesse sobe e desce, Marina Silva foi quem sofreu a maior desidratação, caindo de 16% para 11%, repetindo o mesmo cenário de 2014, quando, também na reta final, começou a perder fôlego. Todos os dados apontam para uma luta dura entre Ciro, Alckmin e Haddad, num páreo que só deve ser definido nos últimos dias de campanha.
Mas os candidatos precisam ficar atentos. O número de indecisos já não é tal alto como em outros pleitos, indicando que a luta entre eles é para tirar votos um do outro, o que significa endurecimento do discurso. É bem provável que, a partir de agora, deixem Bolsonaro de lado e se enfrentem, entre si, para garantir a segunda vaga.
