Cristãos e as eleições 2018


Por Igreja em marcha, equipe de leigos católicos

25/08/2018 às 07h00

Após vários meses de indefinições, ainda sem superá-las totalmente, as eleições de 2018 começam a tomar corpo e a alcançar espaços tanto físicos quanto virtuais, suscitando inúmeros debates – ora acalorados pela radicalidade das posturas, ora baseados em informações falsas e manipuladas, ora esvaziados da análise das propostas de ações concretas para retirar o país da grave crise, tanto política quanto socioeconômica, em que se encontra.
Atenta a esse cenário, a Comissão Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a “Cartilha de Orientação Política: Os cristãos e as eleições 2018”, um subsídio bastante amplo, “destinado a eleitores e candidatos, a grupos, comunidades e meios de comunicação, que visa orientar sem interferir indevidamente”. De fato, com mais de 30 páginas, a cartilha analisa desde as principais preocupações com a política, como a crise ética, a corrupção e o acirramento da polarização, além de trazer esclarecimentos sobre como funciona o processo e quais foram as alterações na lei eleitoral, as funções de cada cargo, o financiamento das campanhas e até sobre a abstenção e o voto nulo, além das chamadas “fake news”.

Ao final, trata sobre a corresponsabilidade de todos pelo Brasil, que ultrapassa o compromisso de votar, concluindo com as palavras do Papa Francisco aos políticos católicos da América Latina: “É necessário que os leigos católicos não permaneçam indiferentes à vida pública nem fechados nos seus templos, nem sequer esperem as diretrizes e as recomendações eclesiais para lutar a favor da justiça e de formas de vida mais humanas para todos”.

Nesse sentido, também foi publicado recentemente manifesto “Resistência democrática, unidos pela justiça e paz!”, assinado por pastorais e organismos eclesiais, como a Cáritas Brasileira, a Comissão Brasileira Justiça e Paz, a Comissão Pastoral da Terra, entre outros conselhos e comissões ligados ao laicato, ao meio ambiente, ao povo de rua e aos encarcerados, aos migrantes, aos negros e aos índios. Avançando sobre a própria validação das eleições, o texto critica fortemente “interesses do capital financeiro e seus principais aliados, que se utilizam dos grandes meios de comunicação” e que acabam por “subverter a agenda pública nacional da Constituição de 1988, cujos objetivos fundamentais são: construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Há também a denúncia da “judicialização da política e politização da justiça”.

“O momento exige solidariedade com os empobrecidos, oprimidos e marginalizados”, afirma o documento e, para tanto, propõe construir um programa de dez pontos, que seja uma referência e orientação para os eleitores e que possa movimentar a espiral de cidadania e do bem comum.
Como disse o Papa Francisco aos políticos latino-americanos: “Há necessidade de dirigentes políticos que vivam com paixão o seu serviço aos povos, solidários com os seus sofrimentos e esperanças; políticos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que sejam abertos a ouvir e a aprender no diálogo democrático, que conjuguem a busca da justiça com a misericórdia e a reconciliação”!

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